Internacional 18.09.2024 16H57
Mortos e feridos em novas explosões no Líbano
Nos arredores de Beirute registaram-se esta quarta-feira uma série de novas explosões. Desta vez, de walkie-talkies. Há três mortos confirmados e uma centena de feridos, de acordo com fontes dos serviços de saúde libaneses.
A maioria dos ferimentos registaram-se na zona do estômago e nas mãos, acrescentou a mesma fonte.
Foram ativadas pelo menos 30 ambulâncias da Cruz Vermelha Libanesa, "em resposta a múltiplas explosões em diversas áreas", com outras de prontidão em caso de necessidade.
O ataque assemelha-se às explosões esta terça-feira, no Líbano e na Síria, de pagers usados pelo Hezbollah para coordenação entre os seus elementos.
Vários destes aparelhos recém-adquiridos pela organização estavam armadilhados. O Hezbollah ordenou que os remanescentes fossem postos de lado.
As explosões dos pagers resultaram em pelo menos 12 mortos, incluindo duas crianças, assim como em 2.800 feridos.
Desliguem os telemóveis
Além dos arredores da capital libanesa esta quarta-feira registaram-se igualmente explosões no sul e leste do Líbano, segundo a agência de notícias estatal libanesa e fontes próximas do grupo xiita, citadas pela agência France Presse (AFP).
De acordo com a AFP, pelo menos uma explosão em Dahiya, subúrbio a sul de Beirute e um bastião do Hezbollah, ocorreu durante um funeral das vítimas dos ataques do dia precendente.
O caos está instalado, com a população a desconfiar de quem esteja a usar telemóveis ou outros aparelhos. Jornalistas da BBC afirmaram ter sido parados diversas vezes por pessoas a pedirem-lhes para deixarem de usar os telemóveis.
Israel foi acusado pelo Hezbollah e e pelo Governo libanês, de estar por trás da operação de sabotagem de terça-feira e deverá ser igualmente responsabilizado por este novo ataque, realizado através dos meios de comunicação da guerrilha libanesa.
Telavive apenas comentou que acompanha a situação no país vizinho e não assumiu responsabilidade pelas explosões.
Alguns analistas duvidam da culpa de Israel e refletem que este tipo de sabotagem de comunicações, eventualmente por parte da Mossad, o serviço secreto israelita, seria mais eficaz se Israel estivesse a preparar uma grande ofensiva militar contra o Hezbollah.
Não há contudo sinal dela, pelo que a procura de explicações deverá ser mais abrangente, concluem, uma vez que, agora, a guerrilha libenesa irá simplesmente procurar outros meios de comunicação.
ONU quer investigação
O secretário-geral da ONU, António Guterres, já veio criticar o ataque, dizendo que "objetos do quotidiano não devem ser transformados em armas".
Volker Turk, Alto Comissário das Nações Unidas para os Direitos Humanos, apelou a uma investigação independente às ocorrências na Síria e no Líbano.
"Deve realizar-se uma investigação independente, profunda e transparente às circunstâncias destas explosões em massa e aqueles que ordenaram e realizaram uma tal ataque devem ser responsabilizados", referiu o Alto Comissário.
O ataque simultâneo a milhares de indivíduos, sem se saber quem empunhava ou guardava os aparelhos nem a sua localização, viola a lei internacional de direitos humanos e possivelmente a lei humanitária internacional, explicou Turk, em comunicado.
RTP