Quando entramos no IRIS - Instituto de Reabilitação e Integração Social – de Braga encontramos a Joana a coser ou a Rita a cortar etiquetas. É das mãos delas, e de outros utentes, que nascem produtos amigos do ambiente e das pessoas. Falamos de sacos de todas as cores, conforme os retalhos que se arranjam nas empresas do sector, onde tudo é reaproveitado. A etiqueta é feita com fios de poliéster reciclados e as alças são feitas de algodão 100% orgânico.

A marca re.store, criada pela Creative Zone, mostra que é nas diferenças que somos todos iguais. O exemplo parte de Braga para o país e, quem sabe, para o mundo, através de uma ideia de Sílvia Correia, ligada à indústria têxtil há mais de 20 anos.

A vontade de Sílvia de fazer chegar a ideia mais longe levou-a algumas farmácias do país. "Estes vão já comigo para Lisboa na próxima segunda-feira para começarem a ser colocados nas farmácias, já na via online vão estar à venda a partir da próxima semana”, explicou.

Os sacos poderão ser vendidos individualmente, com um valor de 4,45€, ou em packs de três, com um valor ainda mais apetecível. “Tenho muitos possíveis clientes em 2020, estamos a falar de milhares, e para poder entregrar milhares de sacos preciso de muitas associações”, apelou Sílvia Correira.

Um apelo reforçado pelo vereador Altino Bessa, que salienta a “dimensão nacional de um projecto único”. “A ideia é lançarmos o repto para todas as IPSS do concelho e até pode extravasar as próprias fronteias do país”, salientou.

A Câmara Municipal de Braga é aliada desde a primeira hora, por isso mesmo, vai também adquirir “umas centenas de sacos” para sensibilizar a população para a sustentabilidade ambiental na Semana dos Resíduos.

Todos os meses vão ser feitos no IRIS 500 sacos, sendo que a instituição será remunerada em 1€ por cada saco vendido. No total, a IRIS poderá conseguir arrecadar seis mil euros por ano, um valor que, salienta a presidente, Eduarda Queiroz, já tem destino: “Temos problemas ao nível da restauração do edifício, gostavamos de construir outro lar, há muito para onde ir o dinheiro”.

Projecto trabalha "competências, sentimentos e afectos" dos utentes com deficiência

Os sacos são acompanhados por sementes, para que germine a igualdade e a aprendizagem. As sementes podem ser plantada num vaso e, passados 20 dias, nascerá uma planta que corresponde à semente colocada na etiqueta.

“Estamos a trabalhar competências como a motricidade fina e ampla, a parte cognitiva, competências do saber ser e saber estar, como pessoas que querem ser incluídas na sociedade, e trabalhamos também sentimentos e afectos”, explicou a psicóloga que acompanha os utentes do IRIS, portadores de deficiência.

“Convidar para a festa é diversidade, convidar para dançar é inclusão”, afirmou ainda Olímpia Galego.

Estes sacos made in Braga vão chegar a farmácias de todo o país, a partir de 2020, mas podem ser adquiridos a partir da próxima semana por quem já pensa no presente de Natal solidário. Os produtos podem ser adquiridos no site e, em breve, poderão chegar algumas lojas do concelho.

O projecto re.store foi apresentado esta quinta-feira, na sede da instituição. Por agora, apela-se a que mais instiuições particulares de solidariedade social se juntem à causa, usando a linha e a agulha para dar forma a este projecto. “Esta é a verdadeira economia circular, amiga do ambiente, que envolve desperdícios, IPSS, empresas, onde todos contribuem e todos ganham”, concluiu Altino Bessa.

Na IRIS mora a felicidade de quem faz do corte e costura uma forma de integração na sociedade.