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Vanessa Batista

Academia 16.01.2020 18H00

"O RBI não é um financiamento para ficar em casa"

Escrito por Vanessa Batista
As palavras são do professor de Filosofia Política e Moral do Departamento de Filosofia da UMinho, Roberto Merril, que está a desenvolver um estudo sobre o Rendimento Básico Incondicional (RBI).
Roberto Merril, investigador da Universidade do Minho, a explicar aos microfones do UM I&D o que se entende por Rendimento Básico Incondicional.

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Já ouviu falar do Rendimento Básico Incondicional (RBI)? Trata-se de uma ideia que tem vindo a ser estudada há vários anos e que, neste momento, está a ser alvo de inúmeros projectos piloto em vários países do mundo como o Canadá, França, Finlândia ou Quénia. No nosso país a ideia está a ser estudada na Universidade do Minho pelas mãos do professor de Filosofia Política e Moral do Departamento de Filosofia, Roberto Merril. Até 2021 o objectivo passa por perceber qual a viabilidade da implementação do RBI. Uma investigação com um cariz teórico que pretende analisar o tipo de conhecimento produzido para, posteriormente, perceber qual a melhor aplicação na realidade. 


Em entrevista ao UM I&D Roberto Merril explica que este rendimento distingue-se por ser básico, logo "não deve significar a transferência de quantias elevadas nem muito reduzidas, uma vez que a ideia passa por promover uma vida digna". Porém, é também incondicional em três sentidos: universal, individual e livre de obrigações. 


"Digo que é universal pois a ideia é que seja distribuído a todos os cidadãos de forma igual como acontece na saúde e educação. Individual pois não é distribuído em função do agregado familiar como acontece no Rendimento Social de Inserção e por último, é livre de obrigações. Esta é a ideia chave do RBI, pois quem recebe não necessita de fazer algo em troca", explica. 


De acordo com os resultados obtidos nos mais recentes estudos, este não é um rendimento que vem promover o "ficar em casa". Segundo Roberto Merril "as experiências piloto demonstram que as pessoas não param de trabalhar quando começam a receber o RBI". 


O investigador adianta que o Rendimento Básico Incondicional pode ser um "meio eficaz para lutar contra a pobreza" e, para além disso, tendo em conta que as pessoas estão protegidas pode ditar que mais pessoas "encontrem empregos em áreas em que consideram ter vocação". 


Contudo, existem alguns paradoxos que merecem uma maior reflexão, em especial a quantia que deve ser transferida. "Se o valor for muito elevado, então, vai ser difícil de financiar e, por outro, se for um valor demasiado baixo não terá o efeito emancipatório que pretendemos que o RBI tenha, logo não vai modificar a sociedade", declara. Dar nota que entre 30 a 70% da população em países como a França ou a Bulgária, respectivamente, vivem no limiar da pobreza, uma vez que têm "vergonha de pedir o Rendimento Social de Inserção, ou devido à complexidade do processo ou por receio de serem estigmatizados e mal tratados".


Em Portugal, neste momento, só dois partidos defendem esta medida: o PAN e o Livre. Roberto Merril não acredita que no futuro próximo o Rendimento Básico Incondicional venha a ser aplicado no nosso país. No entanto, é essencial continuar a estudar os seus efeitos. 


De 1 a 3 de Julho a academia minhota vai acolher um congresso mundial com centenas de especialistas sobre a matéria. 



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