ºC, Braga
Braga

Max º Min º

Guimarães

Max º Min º

Alunos finalistas UMinho. (FOTO: NUNO GONÇALVES/UMINHO
Redação

Nacional 15.10.2021 09H41

Observatório pede resposta rápida para recém-licenciados

Escrito por Redação
"Não podem ser só estágios na Administração Pública", diz coordenador de unidade dedicada ao emprego jovem.  

Durante muitos anos, Portugal teve um défice de qualificações. Hoje, tem o segundo maior excedente da União Europeia, atrás da Grécia, nos dados da OCDE. O recém-estabelecido Observatório Jovem do Emprego vira o problema ao contrário: há emprego qualificado a menos e não licenciados a mais. E teme que a crise trazida pela pandemia venha agravar o problema.


Desde os primeiros casos de covid em Portugal, saíram das faculdades duas levas de licenciados num país onde 23,6% dos trabalhadores só encontra emprego abaixo das habilitações, e onde houve para as novas gerações abaixamento das condições salariais e contratuais desde a última crise.


Se dar o passo para o mercado de trabalho já era difícil, agora será mais, alerta Paulo Marques, coordenador do Observatório e autor de dois estudos desta unidade do ISCTE que serão apresentados na segunda-feira. "Os jovens que acabaram os seus cursos no contexto da pandemia têm muita dificuldade em entrar no mercado de trabalho.


Há um problema temporário que torna muito difícil fazer a transição. Tem de haver políticas rapidamente focadas neste grupo, e não podem ser só estágios na Administração Pública".


No privado e no Estado

O investigador considera fundamental o setor privado ter programas de colocação como os que ocorreram no Estado neste ano. É uma das recomendações de um estudo que percorre a última década, até 2018, para avaliar o tipo de mercado de trabalho que os jovens enfrentam. Mais precário e, sobretudo, onde a mediana salarial segue em longo desvio da mediana de rendimentos geral. "É impressionante. Quem entra depois (da última crise) entra em circunstância completamente diferente. O desemprego entre os jovens chegou quase a 40%. As pessoas aceitaram condições impensáveis", diz.


O legado da última crise não desanuviou nos indicadores analisados, mas a persistência deste além de 2018, e já depois da última reforma de leis laborais, pôde ser atestada nesta pandemia, que dizimou milhares de contratos a prazo. Em parte, culpa de políticas adotadas. "O lay-off simplificado teve coisas boas, mas também teve um efeito perverso. Não permitia despedir trabalhadores permanentes, mas não metia nenhuma condição relativamente à não renovação dos contratos a termo".


Além de medidas que apoiem a transição para o emprego, Paulo Marques recomenda premiar empresas que investem na formação e privilegiar setores que modernizem a economia e absorvam qualificações.


JN

Deixa-nos uma mensagem