Que investidores podem surgir na hasta pública da Fábrica Confiança?

É conhecido o desajuste entre a oferta e a procura, e a cidade de Braga não foge à regra. Com cerca de vinte mil estudantes, a UMinho tem uma capacidade mínima para alojar estudantes nas suas residências universitárias. Em Braga, existem actualmente duas, uma a cerca de 200 metros do campus de Gualtar, e outra a aproximadamente 2Km. Se há dez anos não se encontravam lotadas com muitos estudantes a optarem por apartamentos privados nas imediações do campus de Gualtar, nos dias de hoje o cenário mudou. O preço do arrendamento sobe há pelo menos três anos consecutivos e para muitos estudantes a opção de viver num apartamento é cada vez menos viável.
O cenário contribui para aumentar o interesse dos investidores que se começam a virar para o segmento universitário. Em Portugal são vários os exemplos e regra geral os investidores são estrangeiros.
Há exactamente um ano, em Janeiro de 2019, surgia o primeiro investidor privado interessado em construir uma residência universitária privada nas imediações do campus de Gualtar. A U-LOFT ainda não avançou mas, segundo Ricardo Rio, depois de um processo de licenciamento com alguns precalços, estarão agora reunidas as condições para dar seguimento ao projecto na freguesia de Gualtar.
– Student Ville – Alojamento Estudantil, Lda; Temprano Capital Partners; Maiar; Round Hill Capital; Xior; Odalys –
Actualmente em Portugal, a StudentVille, com sede em Cascais, conta com duas residências universitárias privadas, uma na cidade de Lisboa e outra na cidade de Coimbra. Proporciona serviços como ginásio, lavandaria, piscina, salas de jogos e terraço com espreguiçadeiras. Os interessados podem alugar um estúdio por semestre ou por ano lectivo, mas a residência pode ainda ser alugada a turistas nos meses de Julho e Agosto.
Em Coimbra, representante do investidor Temprano referiu Braga como possibilidade
Em Outubro de 2018, em Coimbra, os partidos da oposição na Câmara Municipal barravam a possibilidade de mais um investimento do sector. Um fundo estrangeiro que desejava abrir uma “habitação de conveniência” nas antigas instalações da EDP não esperou pelo licenciamento municipal para anunciar que tinha intenção de abrir portas em 2019. Como se pode ler no Notícias de Coimbra, que citava a página do empreendimento que adopta o nome Collegiate, os investidores conta(va)m abrir portas no ano lectivo 2019/2020.
Ainda assim, o projecto não passou em sede de reunião de câmara, levando o representante do investidor Temprano, a reagir. Em declarações aos jornalistas, João Pessoa Jorge, representante da Temprano, um fundo de gestão de fundos imobiliários espanhol, falava já na cidade de Braga como possibilidade. “Estamos a desenvolver projectos deste tipo, já inauguramos um em Lisboa com 300 quartos, não é nenhum hotel de luxo, é uma residência de estudantes moderna”, explicava, anunciando duas outras construções no Porto e mais uma em Lisboa.
O representante dos investidores estrangeiros referia, nas declarações à imprensa, que a Temprano estaria em conversações avançadas noutras cidades do país, nomeadamente Braga. “(…)”uma prestação de serviços de 349 quartos, entendida assim em Lisboa, no Porto, em Braga está a ser entendido assim, só em Coimbra é que não”, referia depois de ver o investimento travado.
A Maiar é outra empresa a investir neste sector que poderá manifestar interesse em adquirir a antiga Confiança.
Com capitais nacionais e estrangeiros prepara-se para transformar uma antiga fábrica da Covilhã, numa residência universitária com capacidade para 250 estudantes. O anúncio foi feito em Maio de 2019. Sabe-se que a empresa em questão pretende criar uma rede de residências universitárias em todo o país.
De acordo com a notícia da sapo24 referente ao investimento nas imediações da Universidade da Beira Interior, o representante da empresa refere-se a alguns aspectos relevantes para o investimento naquela cidade. “A Covilhã tem dois aspectos que considerámos muito importantes: um é o facto de ter uma cidade que é muito reconhecida e que tem uma população de estudantes deslocados portugueses e estrangeiros e isso cria uma base de negócio perfeitamente sustentável para este tipo de residências”, apontou Pedro Antunes.
Segundo referiu, na escolha da empresa também pesou o indicador que identificou este município do distrito de Castelo Branco “como uma cidade amiga do investimento”.
Na apresentação, o empresário explicou que o projecto está baseado num “novo paradigma de residências de estudantes” e que visa criar 250 quartos individuais, áreas sociais e comuns, salas de estudo, ginásio e outros serviços, como lavandaria ou limpeza.
“A nossa forma de operar centra-se no aluno, na integração com a cidade, com padrões internacionais das residências”, acrescentou.
Outros investimentos em Portugal
Nas duas principais cidades do país, destacam-se projetos de investimento como o dos austríacos da Milestone em Carcavelos – residência da Universidade Nova tem 122 quartos e abriu em agosto; os da Milestone e da Collegiate (promovida pela Temprano Capital Partners) no Porto (cerca de 800 camas) ou ainda o “Project Tawny”, da Round Hill Capital, também ele na Invicta.
No ramo está também a empresa belga Xior com um investimento de cerca de 28 milhões de euros na abertura de duas residências para estudantes, em Lisboa e no Porto, em 2021 e 2022. Ambos os projectos em Portugal serão geridos pelo grupo francês Odalys. A unidade em Lisboa, na Rua Artur Lamas, vai ter 254 camas, e a do Porto, na Rua António Granjo, 420 camas.
