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Fonte: JF São Victor
Tiago Barquinha

Regional 21.01.2021 07H00

Padres de Braga defendem suspensão das missas

Escrito por Tiago Barquinha
As eucaristias continuam a ser celebradas contra a vontade de alguns sacerdotes. A Arquidiocese de Braga não descarta a possibilidade de reverter a situação.
As declarações de Sérgio Torres, pároco de São Victor, e de João Torres, sacerdote responsável pelas paróquias de Guisande, Priscos e Tadim.

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A continuidade das missas presenciais está a causar discordância no seio da Arquidiocese de Braga. Face à evolução da pandemia em Portugal, alguns padres são a favor da sua suspensão.


Apesar de celebrações como batismos, casamentos ou crismas estarem proibidas, as celebrações litúrgicas continuam a ser permitidas. Para o pároco de São Victor, a maior freguesia de Braga, é preciso "colocar rapidamente uma barreira" nesta situação. "Por números muito menores, tivemos com as igrejas fechadas dois meses e meio na primeira vaga. Acho que deviamos encerrar, seja por duas ou três semanas", compara.


João Torres tem uma visão parecida, concordando com a descontinuidade das missas. No entanto, o sacordete responsável pelas paróquias de Guisande, Priscos e Tadim refere que seria "importante que as igrejas continuassem abertas, desde que cumpridas todas as regras".


O padre esclarece que "a ideia não seria ir à igreja de propósito", mas sim como um complemento. "As pessoas poderiam passar numa igreja quando fossem a outro sítio importante, como uma farmácia ou uma superfíce comercial, para falar com o sacerdote por não se sentirem bem e precisarem de desabafar", argumenta.



Alguns fiéis recusam ir à igreja; Arquidiocese de Braga equaciona suspender as missas


A vontade de as missas serem suspensas é partilhada por alguns fiéis. Desde que as igrejas reabriram, no final de maio, os interessados em comparecer às eucaristias em São Victor têm de se inscrever semanalmente no site da paróquia ou na aplicação que existe para smartphone. Pela primeira vez, segundo Sérgio Torres, "várias pessoas, cerca de 20, pediram para retirar o nome porque acham que é mais seguro ficar em casa".


O padre admite que as igrejas "não sejam um espaço em que se registem muitas infeções", mas refere, por experiência própria, que "várias pessoas já foram à eucaristia sem saberem que estavam infetadas" e que só descobriram depois. "Não quer dizer que tenham infetado outras, mas o que é certo é que as pessoas andam a circular", alerta para o risco.


Já João Torres duvida de que todas as paróquias estejam a cumprir as regras impostas pela Direção-Geral da Saúde. No seu caso, as missas em Priscos e Tadim são celebradas em pavilhões e em Guisande acontecem numa tenda de 500 metros quadrados.


Se aqui, no seu entender, foram encontradas alternativas viáveis, isso não terá acontecido noutros locais.

"Nas minhas igrejas paroquiais, com as medidas todas, cabem 22 pessoas. Fico admirado como é que algumas conseguem meter 50,70 ou 100 pessoas", analisa, acrescentando que "não existe fiscalização suficiente".


Ao que a RUM apurou, a suspensão das missas está a ser ponderada pela Arquidiocese de Braga, mas ainda não há uma decisão definitiva.


Recorde-se que o Governo vai hoje anunciar o encerramento de escolas e universidades com efeito a partir desta sexta-feira. O pacote de novas medidas poderá incluir o fim temporário das missas presenciais.

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