Regional 03.07.2023 07H00
Palacete Júlio Lima está à venda
Localizado na freguesia de S. Vicente, em Braga, o Palacete está finalmente nas mãos dos herdeiros depois de um caso judicial que durou sete anos contra a empregada doméstica da última proprietária.
O Palacete Júlio Lima, em Braga, está à venda. Mandado construir em finais do século XIX pelo benfeitor bracarense ao Arquiteto Moura Coutinho, este edifício classificado como bem de interesse municipal desde 2018, localizado na freguesia de S. Vicente, no coração de Braga, está formalmente na posse dos sobrinhos de Maria José Ferro, última proprietária, falecida em 2016.
Terminou há duas semanas, o processo judicial de sete anos entre os herdeiros legítimos e a última empregada doméstica de Maria José Ferro que terá assinado um testamento que entregava o palacete àquela funcionária com quem esteve nos últimos dois anos de vida. No entanto, Maria José Ferro sofria da doença de Alzheimer, pelo menos desde 2008, como ficou, entretanto, provado em Tribunal sendo certo que a assinatura do referido testamento aconteceu já nestas circunstâncias.
Os irmãos proprietários do Palacete Júlio Lima não têm, no entanto, condições financeiras para recuperar e manter o imóvel na sua posse, razão pela qual o colocaram à venda, avançou à RUM uma fonte próxima. Desconhecem-se no entanto valores concretos até porque o edifício necessita de uma intervenção profunda.
Uma das preocupações maiores da família é que esta “peça única” de Moura Coutinho seja “estimada como merece” sendo certo que até ao momento já chegaram múltiplas manifestações de interesse para aquisição do imóvel.
A RUM sabe ainda que o município de Braga terá descartada a hipótese de aquisição do imóvel.
Em Braga, a Plataforma dos Amigos do Palacete Júlio Lima tem lutado pela preservação do imóvel e acompanhado com “mágoa” e “preocupação” o estado de degradação a que o edifício tem estado sujeito nos anos mais recentes.
Júlio Lima era natural dos Arcos de Valdevez tendo passado a residir em Braga com doze anos onde trabalhava como operário na casa de Domingos José Gomes.
Aos 40 anos herdou uma fábrica de fiação de tecidos, na localidade de Alenquer. Depois disso, inauguraria em Braga, na rua D. Pedro V, ‘A Industrial’, uma fábrica de produção de chapéus. Júlio Lima é também recordado como benfeitor.
Faleceu com 83 anos, em 1942 e apesar de ter casado duas vezes, a única filha que teve resultou de uma relação fora do casamento, e a quem dedicou parte da sua fortuna, mas não o Palacete, que viria a ser deixado em testamento à afilhada Maria José Ferro, conhecida e respeitada na cidade pela sua preocupação com o próximo, tendo sido coordenadora dos voluntários da Delegação de Braga da Cruz Vermelha Portuguesa.