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Elsa Moura

Cultura 19.02.2020 12H11

Pepetela vence Prémio Literário Correntes d'Escritas 2020

Escrito por Elsa Moura
"Uma grande metáfora sobre as ditaduras, os vícios e as ambições de um ditador", resume António Ferreira, autor do programa Livros com RUM.
O comentário de António Ferreira, do Livros com RUM, à obra vencedora da 21ª edição do Correntes d'Escritas

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'Sua Excelência, de Corpo Presente', de Pepetela (D. Quixote) é a obra vencedora do Prémio Literário Casino da Póvoa 2020, no valor de 20 mil euros. Pepetela nasceu em Benguela, Angola, em 1941.


António Ferreira, autor do programa Livros com RUM saúda a decisão do júri, apontando que se trata de uma obra de leitura obrigatória.


Aos microfones da RUM, António Ferreira refere que a obra vencedora “é uma grande metáfora sobre as ditaduras, os vícios e as ambições de um ditador”. "Ele faz um retrato de um ditador que tem todos os tiques, o abuso do poder, faz o que quer e lhe apetece. Recusa-se, por um lado, a abandonar o poder e a morrer até e a partir daqui ele elabora uma grande metáfora sobre aquilo que é o apego ao poder", descreve.


António Ferreira recusa a ideia da actualidade de Angola ter influenciado a decisão do júri na escolha deste ano. O autor do Livros com RUM refere que a Pepela "interessou-lhe muito muito mais, não só o poder nepotista em Angola, mas na África do Sul e uma série de ditadores que há". "Deve ser obrigatório ler o livro, quanto mais não seja vindo de fora desta Europa que normalmente acha que tem capacidade para analisar tudo", acrescenta.


O Júri, constituído por Ana Daniela Soares, Carlos Quiroga, Isabel Pires de Lima, Paula Mendes Coelho e Valter Hugo Mãe, destaca “a originalidade do estratagema narrativo eficaz para denunciar com ironia uma história do nepotismo e abuso de poder próprio de sistemas totalitários”.


Pepetela (Artur Carlos Maurício Pestana dos Santos) nasceu em Benguela, Angola, em 1941. Frequentou o Ensino Superior em Lisboa mas acabou por licenciar-se em Sociologia, em Argel, durante o exílio. Iniciou a sua atividade literária e política na Casa dos Estudantes do Império. Como membro do MPLA, participou ativamente na governação de Angola, após o 25 de Abril.


A partir de 1984, foi professor na Universidade Agostinho Neto, em Luanda, e tem sido dirigente de associações culturais, com destaque para a União de Escritores Angolanos e a Associação Cultural Recreativa Chá de Caxinde.

A atribuição do Prémio Camões (1997) confirmou o seu lugar de destaque na literatura lusófona.

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