O candidato do Partido Socialista (PS) à Câmara Municipal de Braga (CMB), Hugo Pires disse esta segunda-feira estar "profundamente convicto" que será eleito presidente no próximo dia 26 de setembro.

Em entrevista à RUM, o atual deputado na Assembleia da República apontou a "uma grande vitória do Partido Socialista na CMB, Assembleia Municipal e Juntas de Freguesia" reconhecendo que "há uns meses atrás não pensava que hoje estaria com uma grande probabilidade de vencer estas eleições autárquicas". 

Referindo que apresenta um "projeto credível" que "mostra às pessoas que podem voltar a confiar no Partido Socialista", Hugo Pires afirma que a atual maioria liderada pela coligação Juntos por Braga tem "cometido cada vez mais erros, desbaratando todo o capital político que granjeou ao longo dos últimos anos". Para o socialista, depois da pandemia "ficou a nu que tirando as festas no centro histórico e tirando os prémios internacionais de origem duvidosa, ficou muito pouco para mostrar e que melhorasse e resolvesse os problemas dos bracarenses".

"O PS DE HOJE É DIFERENTE DO PS DE MESQUITA MACHADO"

Ainda que tenha feito parte dos últimos executivos de Mesquita Machado enquanto vereador, Hugo Pires afasta-se do PS dessa altura em várias matérias. Questionado sobre as diferenças de uma gestão PS em Braga nos tempos que correm, Pires afirma que hoje se apresentam na lista "outras pessoas, de uma abrangência muito grande".

Apontando que é um candidato "diferente, de uma outra geração", que viveu e estudou "outras coisas" e que olha para o mundo "de outra forma", Pires elogia os independentes que o acompanham na candidatura à Câmara de Braga e refere que esta equipa quer "contribuir para uma comunidade mais coesa", ao contrário do que aconteceu nos últimos oito anos com a gestão de direita.

"A ENTRADA DE PRIVADOS NA AGERE FOI UM ERRO DO PS"

Hugo Pires admite que pretende a remunicipalização da Agere, ainda que seja um processo "complexo". Apesar de assumir que "foi um erro do PS abdicar de 49% da empresa municipal", avança que o atual executivo "adensou a relação com os privados" e deixou de investir na cidade, distribuindo os lucros. Diz que é preciso tempo, mas o objetivo passa por devolver a Agere de forma exclusiva à esfera municipal.

"NÃO VAMOS DAR CASAS A NINGUÉM"

O programa eleitoral do PS sugere a disponibilização de 3 mil casas a preços acessíveis para a classe média. Hugo Pires garante que é possível concretizar a medida ao longo de quatro anos com acordos junto dos senhorios. 

Na iniciativa "programa renda garantida para os senhorios", explica que os proprietários têm que aceitar baixar 20% da renda mediante uma media encontrada pelo INE e ficam isentos de IRC ou de IRS dos contratos e isentos de IMI, com o Estado a garantir, durante cinco anos, o pagamento da renda estabelecida aos senhorios. 

Já a eventuais cooperativas de habitação, se o PS vencer, garante a oferta dos projetos de arquitetura e especialidade, assim como a isenção de taxas. Os socialistas propõe ainda uma "via verde" para a transformação de equipamentos de serviços para habitação no centro da cidade e prometem a devolução de capacidade construtiva, "sobretudo nas freguesias mais rurais", através de uma nova revisão do PDM.

Hugo Pires recusa construir casas a preços acessíveis sublinhando que é preciso "dispersar a população pelo concelho comprando e arrendando casas no mercado normal". Já o bairro do Monte Picoto será "demolido".

100 VAGAS EM CRECHES REAPROVEITANDO ESPAÇOS PÚBLICOS NOVOS, MAS FECHADOS

A candidatura socialista acusa ainda a coligação Juntos por Braga de "pouca sensibilidade social", olhando apenas para o problema das creches depois de o mesmo ter sido levantado pelo Partido Socialista. Pires quer mais 100 vagas em creches através da "reabertura de vários edifícios públicos em bom estado" espalhados por várias freguesias. Entre os exemplos, o candidato refere a antiga escola primária de Arcos, o jardim de infância de Mire de Tibães e o centro cívico de Navarra.

"ESTA MAIORIA COLOCA OS AUTOCARROS NOVOS NO CENTRO E OS POLUIDORES NA PERIFERIA"

Os 25 autocarros a gás natural que em breve circularão na cidade de Braga não seriam uma aposta de uma gestão socialista. Hugo Pires critica a estratégia da atual coligação Juntos por Braga e garante que vencendo, os TUB "só utilizarão autocarros elétricos e a hidrogénio", recusando também a justificação de uma estratégia economicista apresentada pela coligação de direita. "Isso é uma falácia e é de alguém que não tem a mínima sensibilidade para o combate às alterações climáticas", argumenta.

Pires recorda a compra de 40 autocarros aos STCP por parte do atual executivo e "que hoje são um dos maiores poluidores do concelho", mas não deixa de criticar o que diz ser estratégico para passar uma imagem dferente na cidade: a utilização dos autocarros mais modernos no centro, colocando os "mais velhos, poluidores e em que chove dentro", nas freguesias rurais.

O candidato do PS adianta que situações como o abate de árvores e as descargas poluentes nos rios são exemplos de que o executivo "não tem ambições em matéria ambiental".

O PS quer também internalizar os TUB e tornar a sua frequência gratuita ainda que recuse que esta seja uma medida "populista". Para financiar essa aposta, Hugo Pires diz que são necessários 7 Milhões de Euros por ano, valores que podem ser aproveitados da receita da derrama das empresas, sugere.

A proposta do BRT, diz o socialista, é do governo central e admite que é um projeto com o qual está "totalmente de acordo".

"O PROBLEMA DE TRÂNSITO EM BRAGA ESTÁ NO ATRAVESSAMENTO"

Em matéria de mobilidade, os socialistas consideram que a solução para o problema do Nó de Infias será retirar o trânsito daquela zona, concluindo a Variante do Cávado e investindo em mais transportes públicos e vias dedicadas ao BUS.

Ligar a Rua D. Pedro V à Rua Nova de Santa Cruz está entre as propostas. Na Avenida Padre Júlio Fragata, a candidatura do PS pretende implementar semaforização e dedicar uma faixa aos transportes públicos.

VAMOS RESTAURAR O 1º DE MAIO

Criticando o estado de degradação do Estádio 1º de Maio, o candidato socialista diz que pretende "reabilitar" o espaço, dotá-lo de mais salas de ensaio e promover "várias soluções". Sobre o projeto sugerido pelo atual presidente do SCB que quer deixar o Estádio Municipal, Pires afirma que é preciso "estudar bem" e perceber "como é que fica o outro estádio", não descartando nenhuma possibilidade.

Pires acusa atual coligação de alimentar "excessos" da CTB e "desbaratar" movimento associativo cultural

Com fortes críticas à distribuição de apoios pelas associações e entidades culturais de Braga, Hugo Pires não poupa nas críticas ao tratamento do atual executivo à Companhia de Teatro de Braga. 

"A CTB acrescenta muito pouco à cultura de Braga. Hoje há uma cultura de elites sobre financiada para alimentar alguns excessos, sobretudo do diretor, desbaratando todo o movimento associativo cultural, esse sim, com pessoas que se entregam com uma generosidade sem limites, mas que vêm os apoios do município gorados", criticou.

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