Portugal bateu, esta quarta-feira, um novo recorde de casos de infeção por Covid-19. Pela primeira vez, desde o início da pandemia, o país ultrapassou os dez mil casos.

Os números não surpreendem Hugo Sousa. O virologista, que já esteve ligado à Escola de Medicina da Universidade do Minho, considera que este "é o reflexo dos últimos 15 dias". "Apesar das muitas recomendações, as pessoas reuniram-se com a família. O risco de infecção foi muito grande. Muitas pessoas aproveitaram este período de Natal para ir visitar os seus familiares, correndo riscos desnecessários e é grave que isto aconteça", afirmou. 

Em entrevista à RUM, o especialista adiantou que os números deverão voltar a subir nos próximos dias. "Hoje, temos um pico relacionado com o pós-Natal, pode baixar um bocadinho e voltar a subir quando passarem sete ou oito dias do pós-passagem de ano", esclareceu.

O elevado número de novos casos não surpreendem quem trabalha na área da saúde. "É uma coisa indesejável, mas expectável", disse Hugo Sousa.

Em causa está o comportamento das pessoas. "Continuam a sair notícias de pessoas em isolamento obrigatório e que são encontradas na rua. As pessoas perderam o medo e o respeito pelo próximo, porque cada pessoa positiva que anda na rua corre o risco de infetar mais pessoas e isto não pode acontecer", frisou.

O virologista teme que o número elevado de casos ponha "em xeque o sistema de saúde". "Estamos muito melhor preparados do que no início da pandemia, mas é importante que a população se mentalize que um caso positivo aumenta o risco dos familiares serem positivos. A partir do momento que somos positivos tem que haver uma responsabilização e uma consciencialização de que devemos estar fechados em casa", frisou.

"Os números vão colocar em stress situações que não queríamos ter em Abril, que não tivemos em Setembro e que corremos o risco de ter agora, porque o número de casos é alto. São números que existiram em Itália no início da pandemia", lembrou.

Vacina "é aliado fundamental" no combate à pandemia

A Agência Europeia do Medicamento e a Comissão Europeia deram, esta quarta-feira, luz verde à vacina da Moderna. Para o virologista, a vacina "é um aliado fundamental" no combate à pandemia.

Hugo Sousa relembra que as duas vacinas aprovadas "são de tecnologia muito avançada e que a capacidade de produção da vacina e de a disseminar pela população vai ser agora muito maior, porque temos duas empresas a produzir em grande quantidade".