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Tiago Barquinha

Cultura 21.05.2020 17H29

Profissionais da cultura pedem apoios sociais e clarificação do estatuto do artista

Escrito por Tiago Barquinha
Mais de uma dezena de artistas juntam-se esta tarde em frente ao Theatro Circo.
As palavras de Marta Moreira, responsável local pelo movimento 'Vigília Cultura e Artes', e de Paulo Brandão, programador do Theatro Circo, abordam a iniciativa. 

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Artistas de todo o país, concentrados em 18 cidades, realizam esta quinta-feira a 'Vigília Cultura e Artes'. Em Braga, a iniciativa desenrola-se em frente ao Theatro Circo.


Marta Moreira é a responsável pelo movimento no concelho bracarense. De acordo com a artista, a reivindicação prioritária é “garantir a subsistência das pessoas ligadas à área”, que, segundo os dados mais recentes do Instituto Nacional de Estatística, são cerca de 130 mil em todo o país.


Alertando que “apenas uma pequena percentagem” dessa população está elegível para receber apoios da Segurança Social, Marta Moreira refere que é urgente auxiliar "todas as pessoas que estão a passar fome e com dificuldades em pôr comida na mesa". "Há agregados inteiros [ligados ao mundo artístico] que, de repente, ficaram sem qualquer espécie de rendimento”, acrescenta.


Em resposta ao cancelamento e à suspensão da atividade cultural devido à Covid-19, o Governo criou uma linha de apoio de emergência, com uma valor inicial de um milhão de euros, reforçada depois com 700 mil euros, e que vai apoiar 311 projetos, em 1.025 pedidos recebidos. Foi também anunciado um auxílio de 400 mil euros na área do livro e a agilização de procedimentos no acesso a concursos de apoio ao cinema.


Olhando para as medidas já anunciadas, a artista alerta que “não se pode começar a construir uma casa pelo telhado”, referindo que é “preciso distinguir muito bem o apoio às pessoas dos apoios à criação cultural”. “Não se podem misturar. Isso tem sido um grande erro”.


Marta Moreira, que integra o colectivo recém- formado ‘Plataforma do Pandemónio’, defende também a criação do estatuto do profissional da cultura. De acordo com a artista, é necessário a ministra Graça Fonseca “concretizar o compromisso que assumiu”. "Se houvesse enquadramento legal e se os trabalhadores do sector tivessem protecção legal dos seus direitos, que neste momento não existe pura e simplesemente, estas situações não estariam a acontecer", refere.


A reabertura gradual dos espaços culturais, a acontecer durante este mês, também merece atenção por parte de Marta Moreira. “Espero sinceramente que as medidas em vigor possam ser melhoradas em grande parte. Não é exequível pensar abrir uma sala com 400 lugares para um máximo de 40 pessoas. Implica muitos custos. É condenar as instituições a uma morte lenta”.



Mais de uma dezena de artistas concentram-se em Braga


Em Braga, até às 19 horas, é esperada mais de uma dezena de artistas, dividida por turnos, na 'Vigília Cultura e Artes'. Marta Moreira confessa que a adesão do concelho ao movimento nacional só começou a ser pensada no dia anterior, quando percebeu que a iniciativa ia “estender-se a todo o território”.


Assim sendo, a artista bracarense, “percebendo que não havia qualquer núcleo oficial em Braga" e que a cidade tem "um sector cultural e artístico muito representativo”, sentiu que era necessário “simbolizar de alguma maneira” estas preocupações.


Além das profissões mais visíveis, como cantores e actores, o sector da cultura engloba também programadores, directores de espaços culturais, técnicos, pessoas responsáveis pela montagem de palcos e cenários, entre outras. Paulo Brandão também se juntou ao movimento, ainda que a título pessoal. 


O programador do Theatro Circo considera que é necessário o Governo criar "um fundo para a cultura". "É importante haver algumas iniciativas por parte do Governo que possam sustentar o movimento cultural, que foi um dos mais afectados pela pandemia e que vai continuar a ser.”

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