Academia 09.05.2025 10H33
Reitoria da UMinho avisa: “A urgência do BRT não pode desculpar erros”
Reitor da Universidade do Minho encontrou-se com a Academia para uma conversa de esclarecimento sobre a passagem do BRT pelo campus de Gualtar. A linha vermelha está definida em concordância com a TUB e o Município de Braga, mas ainda se levantam várias dúvidas.
O reitor da Universidade do Minho (UMinho), Rui Vieira de Castro, admite que há pouco tempo para concretizar a Linha Vermelha do BRT [que passará no campus de Gualtar], mas que “a urgência da obra não pode desculpar erros” por parte do município, dos Transportes Urbanos de Braga (TUB) ou da empresa que vier a executar a obra.
Esta quarta-feira à tarde, o reitor promoveu uma sessão de esclarecimento junto da academia, no Auditório B1 do campus de Gualtar onde apresentou, acompanhado do vice-reitor Luís Amaral, os contornos do processo desde o seu início, incluindo o facto de o Município de Braga ter definido uma passagem do BRT pelo interior do campus de Gualtar sem qualquer conversa prévia com os responsáveis da instituição de ensino superior minhota. Foi, aliás, através da comunicação social que a reitoria teve conhecimento da situação. Segundo Luís Amaral, a primeira reunião aconteceu em março de 2024, mas a instituição de ensino superior rejeitou a proposta inicial. Surgiram, entretanto até 2025, e com vários meses de intervalo, mais três reuniões até à proposta final.
No diálogo com os docentes presentes, Rui Vieira de Castro também deixou o desafio aos especialistas da própria instituição: “Precisamos dos nossos técnicos e da opinião sobre as soluções encontradas. Temos um acordo de princípio acerca do traçado. As soluções específicas não sabemos, mas temos de fazer um acompanhamento muito de perto de todo o processo de conceção, de todo o traçado. Esta solução tem impactos em terrenos nossos que não estão limitados ao monte”, disse, acrescentando que ao que tudo indica, a solução preserva a Quinta dos Peões e vai roubar terreno à Universidade do Minho na nova via a construir entre a rotunda da Universidade do Minho e o acesso até à designada Rua da Universidade.
A reitoria escutou e tomou nota dos vários testemunhos de docentes e investigadores, e a maioria dos presentes na sala manifestou-se apreensiva e pouco confiante na sua concretização.
Da Academia uma de várias garantias
A UMinho não vai permitir soluções penalizadoras para a instituição na passagem da linha vermelha do BRT pelo Campus de Gualtar. “Apenas e só nos interessa que as soluções assumidas não sejam penalizadoras da universidade e antes, possam dar expressão à vontade da universidade também de contribuir para a solução do problema que é mais global”, disse o reitor, anotando a vontade de “acompanhar de muito perto, com recurso às competências técnicas que tem disponíveis, a construção das soluções mais específicas que vão ser encontradas no percurso do BRT dentro do campus”.
Na mesma sessão, a reitoria mencionou algumas soluções que estavam a ser equacionadas antes deste traçado. Eventualmente serão “afetados em alguns pontos”, nomeadamente a própria colina ou o projeto dedicado ao campo de futebol de Gualtar.
Ainda assim, Rui Vieira de Castro acredita numa “convergência” até porque “interessa a todos” que as soluções sejam as “adequadas”. “Para o dono da obra é relevante o conhecimento daquilo que são as preocupações, a vontade e as aspirações da própria universidade relativamente ao espaço”, acrescentou.
Com a ocupação de um espaço necessário “significativo” [cerca de dez metros de faixa] o impacto é inevitável, mas o reitor afirmou que a UMinho pretende que o impacto “seja tão diluído quanto possível” evidenciando “soluções técnicas e competências capazes de desenvolver dentro da universidade”.
A paragem do BRT nas imediações da rotunda da Universidade [zona que também se estima que seja reconfigurada] é outro fator de preocupação da reitoria
A rotunda junto à entrada principal da Universidade do Minho será reconfigurada, desconhecendo-se o projeto final, mas é assumido que nos moldes atuais esta mesma zona já indica vários constrangimentos a diferentes horas do dia, que seriam ainda mais evidentes sem a devida adaptação ao BRT.
“Já hoje temos aqui um problema, há momentos do dia em que a chegada de vários autocarros causa grande perturbação no fluir normal do trânsito, o que pode ser agravado com um meio como o BRT. Há saber técnico capaz de resolver essa situação porque não se pode simplesmente criar um ponto de paragem, despejar as pessoas todas na estrada ou na rotunda. É necessário encontrar "soluções harmoniosas".
Novo Conselho Geral chamado proximamente a validar opção da reitoria
Sublinhe-se que a proposta de passagem do traçado de BRT pela Universidade do Minho ainda terá de passar pelo novo Conselho Geral (CG) que ainda não tomou posse, uma vez que o processo final [apresentação de traçado do BRT pela CMB à UMinho] se desenrolou a um dia da última reunião do CG antes do processo eleitoral.
A RUM sabe também que a própria administração dos Transportes Urbanos de Braga encetou contactos informais com membros eleitos no sentido de disponibilizar o máximo de informação possível sobre o dossier antes da votação necessária para a validação do processo.
Aliás, o caminho seguinte envolve mais negociações entre as partes, incluindo até o próprio Conselho de Curadores da UMinho, uma vez que a passagem implicará ainda a cedência de terrenos ao domínio público.
Os termos do acolhimento da proposta do traçado no campus de Gualtar da Universidade do Minho, de acordo com a reitoria.
A Linha Vermelha de BRT, a única que o Município decidiu levar para a frente nesta fase [por limitações de execução atempada], apesar dos 100ME de PRR para as linhas vermelha e amarela terá aproximadamente 6.200 metros assegurando a ligação entre a Estação da CP e o Hospital de Braga passando então pelo campus de Gualtar.
O traçado construído de raiz será precisamente na colina do Campus de Gualtar e implica previamente a subida pela rua da Universidade, entrada pelas traseiras dos Serviços Administrativos, continuação pela colina e saída junto à Rotunda do Hospital, a mais próxima da Escola de Medicina da Universidade do Minho cuja entrada também exigirá uma nova reconfiguração.
“Estão em aberto muitas possibilidades, este percurso pode ter várias implicações”, admitiu também Luís Amaral, Vice-Reitor para a Transformação Organizacional e Simplificação Administrativa.
Os autocarros (BRT), com dezoito metros de largura, passarão de seis em seis minutos diariamente.
Não foi apenas o risco de rasgar o campus de Gualtar a meio que levou a UMinho a contestar a solução inicial dos TUB
Luís Amaral, pró-reitor que marcou presença em todas as reuniões explicou alguns contornos das conversações, incluindo riscos que a UMinho não admitiu correr levantados aquando a primeira opção.
A linha atravessava o campus, entrava na portaria, passava entre a vivenda sameiro e a EEG e seguia até ao Hospital. A partir daí começamos a solicitar junto do município informação sobre o projeto recordando que as soluções públicas afetavam a universidade e a universidade teria de ser ouvida. A resposta chegou com a afirmação de que o percurso entendido como primordial era esse.
A título informal, a TUB fez uma visita a empresa municipal é dona da obra. “Fomos confrontando com a reafirmação de que esta quebra de uma via fundamental que não era aceitável, assim como não era aceitável uma circulação de seis em seis minutos dentro do campus", disse Luís Amaral aos presentes na sala. O receio de algum atropelamento também foi manifestado pelos interlocutores da reitoria junto do município. "Era inaceitável uma travessia num sítio que todos os dias é atravessado por milhares de pessoas para vir à cantina, etc. Era um risco. Além disso, a sede da AAUMinho está prevista para ali e o BRT passaria encostado ou muito perto", disse.
Explicou depois que “houve contraposição de várias soluções, sempre focadas no percurso inicial. A UMinho disse que não haveria uma solução amigável neste contexto".
"Acabamos a propor duas soluções alternativas: deslocação do BRT passando pela traseira da Escola de Medicina e outro que implicava passagem pela rua da universidade, entrada junto ao edifício 10 e continuação até à rotunda do hospital", acrescentou. Conversações essas que decorreram em fevereiro e março de 2025.Entretanto, os TUB aceitam a última solução.