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Pedro Magalhães

Cultura 03.10.2020 13H03

"Seis Meses Depois", o futuro sem memória de Olga Roriz

Escrito por Pedro Magalhães
Nova coreografia de Olga Roriz chega este sábado à Casa das Artes de Famalicão.
Entrevista de Olga Roriz à RUM 

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“Seis meses depois” é o nome do novo espectáculo da coreógrafa Olga Roriz que vai estar em cena, este sábado (21h30), na Casa das Artes de Vila Nova de Famalicão.


O espectáculo, que estreou no passado dia 18 de Setembro no Teatro Nacional D. Maria II, em Lisboa, é o seguimento da reflexão de "Autópsia", peça de Olga Roriz do ano passado, e fala sobre o impacto negativo que o ser humano tem vindo a causar ao planeta, acontecendo num futuro em que os personagens olham para o passado. Para isso, apresenta uma ficcção com sete personagens - Zhora Fuji, Naoki 21, Dawnswir, Gael Bera Falin, Kepler 354, Priscilla Noir e Human Cat - que habitam a cidade de Tannhause, no planeta Terra 3, em 2307.


À RUM, Olga Roriz explica que o processo de criação "foi à procura da memória". "É como se estas pessoas já não tivessem memória e precisassem de viajar no tempo para encontrarem um arquivo virtual e conhecerem coisas do passado", comenta.


A ideia de que, na sequência de um mundo cada vez mais acelerado, a memória tem tendência a perder-se, foi a intenção de Olga mas a resposta do público depois da actuação no Teatro Nacional foi bem oposta.


"A compreensão do espectáculo para muita gente foi o de haver uma evolução do ser humano. Há um vislumbre de dinossauros, cometas e, no final, surgem dois robôs: eventualmente há aqui uma passagem no tempo que sugere uma evolução. O público compreendeu assim, e percebo, mas não era a minha ideia".


Também o cruzamento entre a dança e as diferentes fases da música é parte integrante da obra da coreógrafa vianense. Desta vez, ouve-se Vivaldi e Purcell mas também Brian Eno ou Shortparis. "Fui tentar perceber como é que um corpo, daqui a centenas de anos, reagiria a ouvir músicas antigas que nunca ouviu", explica.


O espectáculo “Seis Meses Depois” foi criado por Olga Roriz em Dezembro do ano passado, antes de aparecer a pandemia. Na altura, a coreógrafa queria uma peça densa, de muita reflexão, mas o vírus e tudo o que daí adveio, alterou os planos. "A grande diferença é que pensava que ia fazer uma peça muito mais pesada do que o resultado e fui elevando a criação. Agora é uma peça, parece-me, para usufruir, que é o que é preciso agora e não de mais peso em cima cabeça", aponta.


Os bilhetes para "Seis Meses Depois" podem ser adquiridos aqui.

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