Regional 05.12.2022 16H09
S.Geraldo e o Milagre da Fruta mantém crianças ligadas às tradições de Braga
Celebra-se esta segunda-feira o dia de S.Geraldo, padroeiro da cidade de Braga. Mais de seis dezenas de crianças da Escola da Sé interpretaram o Milagre da Fruta.
O 5 de dezembro é dia de S. Geraldo, padroeiro da cidade de Braga. Ao fundo da Sé, às 11h00, lá estava o santo, sentado, rodeado pelos acólitos e o coro de palmo e meio. Sessenta e seis alunos do terceiro ano da Escola Básica da Sé interpretaram, como habitualmente acontece, o Milagre da Fruta. Diz a lenda, contada por eles, que “um delírio, causado pela febre, levou S. Geraldo a chamar o anjo Diogo, a quem pediu fruta fresca. O anjo ter-lhe-á dito que era impossível, porque, sendo inverno, as árvores estavam despidas”. O milagre dá-se quando todos reparam que, afinal, havia frutos nas árvores.
Este ano, é Hugo Carvalho quem veste a pele de S. Geraldo. O colega, Tiago Ribeiro, logo ali ao lado, explica que este foi o santo que “batizou D. Afonso Henriques”, algo que descobriu quando visitou o Castelo de Guimarães. Hugo estava feliz por assumir esta personagem, mas Tiago admite que “podia estar envergonhado, por ter tantas pessoas à frente”. Na verdade, a Sé encheu-se para assistir à representação teatral deste grupo de alunos. “Eu estaria envergonhado, se fosse a personagem principal”, revelou Tiago Ribeiro.
Um outro acólito, ali ao lado, Jorge Machado, revelou estar “muito feliz, por ter tanta gente a assistir”.
Susana Pereira é uma das três professoras a quem foi entregue a missão de organizar o momento. “Deu-nos muito trabalho, mas eles gostam e é bom para eles verem as tradições e conhecerem as lendas da cidade deles”, afirmou.
Carla Sepúlveda, vereadora da Educação na Câmara de Braga, considera que se deve “incutir este tipo de importância do que é Braga e quem é o padroeiro da cidade, desde muito cedo”. “É importante que os mais novos aprendam e nos mostrem aquilo que os professores conseguem fazer nas escolas e o que representa para eles este dia”, acrescentou.
Pela primeira vez, o Arcebispo Primaz de Braga, D. José Cordeiro, assistiu ao Milagre da Fruta, na primeira fila, ali mesmo na Sé de Braga. “As frutas nas suas cores, no seu perfume e na sua variedade são o símbolo da abundância, da paz, da serenidade, da justiça e é isto que convosco queremos construir”, explicou o arcebispo. Para D. José Cordeiro, o Milagre da Fruta “é o milagre da possibilidade do impossível”. “O milagre exige sempre o contributo de todos”, lembrou aos mais pequenos.
S. Geraldo, padroeiro da cidade de Braga, nasceu em França. Foi Arcebispo de Braga do ano de 1099 a 1108, diocese onde realizou várias reformas a nível moral, eclesiástico e administrativo. Morreu em Bornes, Concelho de Vila Pouca de Aguiar, no dia 5 de Dezembro 1108, durante uma visita pastoral que realizava por aquelas terras.
Na Sé foi responsável por várias reformas e mandou construir uma Capela que dedicou a S. Nicolau e onde está sepultado. Seguindo a tradição, no dia 5 de Dezembro, ornamenta-se o altar da Capela de S. Geraldo com fruta fresca, de forma a fazer alusão ao “Milagre da Fruta”.
Com base em relatos que foram perpetuados ao longo dos tempos, S. Geraldo teria estado bastante doente numa altura de muito frio. Ele teria pedido que lhe trouxessem fruta de forma a apaziguar a fome e sede que sentia. Disseram-lhe que o frio e a neve impediam as árvores de dar fruto. Depois de alguma insistência por parte de S. Geraldo, verificou-se que as árvores do terreno onde residia S. Geraldo estavam recheadas de frutas.