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Redação

Academia 07.04.2025 12H23

Sindicato alerta para número crescente de denúncias de assédio laboral no Ensino Superior 

Escrito por Redação
Entretanto foi criado um grupo de trabalho para responder ao problema.

Cada vez mais docentes do ensino superior e investigadores denunciam práticas de assédio laboral, alerta o Sindicato Nacional do Ensino Superior (SNESup), que criou um grupo de trabalho para responder ao problema.

“Não temos números concretos, mas as queixas de assédio moral têm aumentado”, disse à Lusa o coordenador do Grupo de Trabalho sobre o Assédio Moral nas Instituições de Ensino Superior, Álvaro Borralho.


De acordo com o também dirigente do SNESup, o sindicato tem recebido nos últimos anos cada vez mais pedidos de apoio jurídico de docentes e investigadores vítimas de assédio moral em contexto de trabalho.

“E não é algo que aconteça esporadicamente. Muitas vezes, começa com pequenas pressões e depois vai-se intensificando ao longo do tempo. Em alguns casos desemboca em processos disciplinares e por vezes consecutivos”, relata, acrescentando que na esmagadora maioria dos casos as queixas são contra superiores hierárquicos.


Referindo a lentidão com que os processos são tratados pelos tribunais administrativos, Álvaro Borralho considera que existe uma espécie de sentimento de impunidade e que as instituições se sentem “à vontade”, também por deterem “um poder desmedido que o Regime Jurídico das Instituições de Ensino Superior lhes deu e não devia ter dado”.

“Por força de se saber que a justiça administrativa é lenta, enquanto não há um trânsito em julgado, vão-se pressionando colegas em diversas instituições de ensino superior”, lamenta.


De acordo com o relatório da Comissão para o Acompanhamento da Implementação das Estratégias de Prevenção da Prática de Assédio nas Instituições de Ensino Superior, divulgado em dezembro, a maioria das instituições já adotou códigos de conduta e de boas práticas para a prevenção do assédio, mas poucas disponibilizam canais de denúncia específicos.


Por isso, o grupo de trabalho criou um canal de denúncia, disponível na página da Internet do SNESup, para casos de assédio moral que, segundo o coordenador, tem uma expressão muito mais significativa em comparação com o assédio sexual, apesar dos recentes casos mediáticos, como aquele que envolve o Centro de Estudos Sociais (CES) da Universidade de Coimbra e o sociólogo Boaventura de Sousa Santos.


O objetivo é facilitar as denúncias, que podem ser apresentadas de forma anónima, e o acesso a apoio por parte do sindicato, mas o grupo de trabalho pretende também realizar um estudo, com base nos dados recolhidos, para conhecer melhor a realidade.

“Não nos queremos substituir ao poder político, que é quem deve tomar decisões. Queremos ser uma plataforma de ação e de conhecimento sobre o assunto. E também de pressão, para que a legislação mude e seja mais severa para quem pratica determinados crimes”, acrescentou.


Além do canal de denúncia, a equipa – constituída por 13 docentes de diferentes áreas de formação – pretende lançar um manual de aconselhamento às vítimas e uma campanha de sensibilização.


Lusa

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