Academia 25.08.2023 13H58
Técnica de entrevista a testemunhas made in UMinho é usada pela polícia de Los Angeles
Trata-se de uma entrevista cognitiva para ajudar testemunhas cooperantes a recordar mais detalhes desenvolvida na Escola de Psicologia da Universidade do Minho.
A polícia de Los Angeles, nos Estados Unidos da América, começou a utilizar, na formação dos seus detetives, uma técnica de entrevista a testemunhas de crimes, desenvolvida na Escola de Psicologia da Universidade do Minho.
Trata-se de uma entrevista cognitiva para ajudar testemunhas cooperantes a recordar mais detalhes.
A investigação foi iniciada durante a tese de doutoramento de Rui Paulo. Pedro Albuquerque, professor e investigador no departamento de Psicologia Básica, explica que “a técnica foi baseada numa entrevista cognitiva a testemunhas cooperantes, ou seja, pessoas que estão motivadas em prestar um depoimento”. A entrevista cognitiva foi criada nos anos 80 e consiste num conjunto de estratégias que têm como objetivo melhorar a quantidade de informação que as pessoas são capazes de relatar, depois de terem sido testemunhas de um qualquer episódio.
“Decidimos aplicar uma estratégia que já era conhecida no âmbito da memória à entrevista
Cognitiva, na tentativa de tentarmos aumentar a quantidade de detalhes que as pessoas são capazes de recordar”, explicou o docente.
A investigação testou o relato de um episódio, depois de já o terem feito de forma livre, por categorias. “Por exemplo, primeiro diziam tudo aquilo que se lembravam do que as pessoas disseram, tudo aquilo que se lembravam dos objetos que estavam presentes na cena, tudo aquilo que se lembravam dos movimentos que as pessoas executaram e verificámos que surgiam ainda mais detalhes do que aqueles que tinham sido apresentados no relato inicial”, afirmou Pedro Albuquerque.
A investigação acabou por ser replicada noutros laboratórios de universidades internacionais e acabou por despertar interesse à polícia de Los Angeles, que “passou a integrar técnica nas estratégias que são usadas para a entrevista”.
A técnica ainda não foi adotada pela polícia portuguesa, mas o investigador acredita que tal possa acontecer em breve. “Não quer dizer que as nossas polícias não tenham formação nesta área, têm seguramente, mas está a haver um treino para que mais polícias possam usar estratégias que se sabe, comprovadamente, que melhoram a capacidade de recordação e, portanto, penso que num futuro próximo poderá ser feito um trabalho mais sistemático”, apontou.