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Liliana Oliveira

Regional 06.01.2020 12H46

Tramway em Guimarães pode custar "menos de 50 ME e servir 30 mil pessoas"

Escrito por Liliana Oliveira
Ideia da Associação de Jovens Empresários de Guimarães vai a debate público esta sexta-feira. 
Rogério Mota, da AJEG, explica ideia de linha única a servir a cidade

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Um tramway, uma espécia de metro à superfície, que ligue os principais pontos da cidade de Guimarães, numa linha única, que abranja cerca de 30 mil pessoas e com um custo abaixo dos 50 milhões de euros. Esta é uma ideia defendida pela Associação de Jovens Empresários de Guimarães (AJEG), que vai estar em debate público, esta sexta-feira, no campus de Azurém da Universidade do Minho. A inspiração vem de outras cidades europeias e o objectivo é, inicialmente, resolver os problemas de mobilidade internos e só depois ponderar a ligação a outras cidades.


Apenas a “linha verde” seria suficiente para ajudar as pessoas a trocarem o carro pelo transporte público. Com ligação entre o Espaço Guimarães e a Escola Santos Simões, com cinco pontos intermodais e cerca de 12 quilómetros, a linha passaria “em todos os pontos importantes para a mobilidade das pessoas, nomeadamente a estação de camionagem e comboio, UMinho, escolas, centros comerciais e hospitais”.

Ao projecto junta-se uma outra pretensão: a de criar parques de estacionamento gratuitos na periferia, permitindo o transbordo das pessoas.


A inspiração vem de exemplos como a cidade francesa Ville D’Avignon, similar a Guimarães em termos populacionais, que colocou em funcionamento, "em apenas três anos, uma linha de tramway de 3.2 quilómetros”. “Pelos valores que circulam em soluções de tramway na Europa, acreditamos que esta solução ficará abaixo dos 50 milhões de euros. Basta olharmos para os estádios de futebol e vemos o dinheiro gasto. Acho que 50 milhões não é, de todo, um valor que não se possa assumir”, apontou Rogério Mota, lembrando que “Guimarães tem um orçamento anual de 116 milhões de euros”.  “Não compramos uma casa a dois dias, mas a 20 ou 30 anos, e Guimarães, como outras cidades, poderá olhar para a ferrovia dessa forma”. A zona envolvente à cidade, diz Rogério Mota, “comporta 50 a 60 mil pessoas”, a estimativa é que “pelos menos 50% seja utilizador do tramway, ou seja, 20 a 30 mil pessoas”.


A mudança de mentalidade, sugere a AJEG, não acontece de um dia para o outro e, por isso, não se pode “pedir a uma classe média, que está habituada ao conforto do carro, que ande de autocarro”. “Ninguém abdica do conforto do carro em prol do autocarro, preso pelo trânsito, por isso, o único meio colectivo é o tramway, que liberta a cidade dos carros e que tem uma frequência de 15 minutos. Não nos vale de nada apostar em autocarros 100% eléctricos se as pessoas não os vão usar”, sugeriu.


Actualmente, desvenda Rogério Mota, há “escolas primárias na cidade onde 96% das crianças chegam de carro”. Na cidade, em média, os automibilistas pegam no veículo para percorrerem “1,2 quilómetros”.



Ligação ferroviária entre Braga – Guimarães “é uma ideia fabulosa” e pode ser a "hidrogénio"



Ainda que o objectivo seja resolver, numa primeira fase, os problemas internos da cidade. A ideia de ligar, através da ferrovia, “a médio prazo”, Braga a Guimarães “é fabulosa”. “Os estudos dizem que a ligação entre Guimaraes e Braga é economicamente viável”, apontou Rogério Mota, lembrando que já havia sido proposta, na altura “ao presidente Mesquita Machado, uma ligação”.


“Acreditamos que a ferrovia é uma grande solução e devemos criar uma malha na Área Metropolitana do Porto/Norte/Braga”, frisou o membro da direcção da AJEG.

Rogério Mota lembrou ainda que, em Guimarães, o ministro das Infraestruturas já havia defendido a ferrovia como solução, sendo que, “à data de hoje, o custo para a ferrovia nao é tão alto como se pensa”. “O material comprado pela Metro do Porto para um equipamento para transportar cerca de 200 pessoas, custou 2.7 milhões de euros”, lembrou.


Rogério Mota sugere ainda, a exemplo do que já acontece em cidades alemãs, “a ligação entre Guimarães e Braga a hidrogénio, o que faria desta solução mais económica, porque não seria necessário electrificar a linha toda”.

“Se houver vontade política, não é a questão financeira que nos vai travar”, finalizou.


O debate público em torno da mobilidade vimaranense, nomeadamente da possibilidade de um tramway na cidade, decorre a partir das 21h30 de sexta-feira, no campus de Azurém da UMinho, com a participação dos vereadores da Câmara de Guimarães Fernando Seara de Sá e Bruno Fernandes, o deputado na Assembleia da República Luís Soares, os professores da Universidade do Minho Ivo Oliveira e Paulo Ferreira e ainda o representante da Transdev, Pires da Costa.


Mais info sobre o evento aqui.

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