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Vanessa Batista

Academia 02.06.2022 16H36

Uma semana de trabalho de quatro dias para toda a economia não é exequível

Escrito por Vanessa Batista
A RUM conversou com o economista e docente da Escola de Economia da Universidade do Minho, João Cerejeira, sobre a proposta de estudo piloto do Livre aprovada pelo parlamento e que deverá arrancar no próximo ano.
A análise do economista e docente da Escola de Economia e Gestão da Universidade do Minho, João Cerejeira, sobre a possibilidade de Portugal vir, no futuro, a adotar uma semana de trabalho de quatro dias.

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Uma semana de trabalho de apenas quatro dias para toda a economia não é exequível. A premissa é defendida pelo economista e docente da Escola de Economia da Universidade do Minho, João Cerejeira. O especialista, ouvido pela RUM, comentou a proposta de estudo piloto do Livre aprovada pelo parlamento e que deverá arrancar já no próximo ano.


Na ótica do economista, uma semana de quatro dias para toda a economia é algo que "não funciona", uma vez que em Portugal "não existe um horário único para toda a economia". João Cerejeira dá o exemplo da indústria e dos profissionais de saúde em que determinadas funções são exercidas em contínuo. "Uma semana de quatro dias terá também implicações no ensino", ou seja, as crianças passam a ir à escola menos dias o que terá implicações nos planos de estudo.


O docente alerta também para o facto da economia portuguesa não ser uma ilha, logo esta é uma medida que não pode ser aplicada de forma "unilateral". "Não podemos adotar esse regime enquanto outros países da Europa não o fizerem", defende o especialista devido à importância das exportações para o país. 


Portugal é um dos países da União Europeia com menor produtividade, além disso apenas 10% da população trabalha em regime de part-time. Uma realidade contrastante com a média de 20% da UE.


Com os preços da energia e matérias primas a subir, muito devido à guerra na Ucrânia, o economista considera difícil que as empresas portuguesas consigam acomodar um choque desta magnitude. Recorde-se que o projeto piloto que irá arrancar no próximo ano vai contar com 100 empresas de diferentes setores. No primeiro ano, o Governo irá financiar as perdas que possam ser registadas pelas empresas. O Livre acredita que, no máximo, em três anos serão visíveis ganhos de produtividade. O estudo piloto irá permitir, defende o Livre, um debate mais amplo nas próximas legislativas de 2026 sobre o tema.


Quando questionado sobre a possibilidade deste novo regime vir a diminuir a taxa de desemprego em Portugal, João Cerejeira recusa a premissa, contudo, realça que uma maior aposta em part-times poderá permitir uma transição mais "suave" entre a vida ativa e a reforma. O docente da UMinho tem uma visão distinta quando em causa estão licenciados, mestres e doutorados. "Investiram imenso na sua formação e têm expetativas quanto ao retorno financeiro. Seria quase um desperdício", declara. 

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