UMinho “sem condições” para integrar investigadores na carreira científica ou docente

Se a proposta do Governo se mantiver, a Universidade do Minho não vai integrar qualquer investigador na carreira científica ou docente, no âmbito do novo concurso da Fundação para a Ciência e Tecnologia (FCT). O cenário foi descrito na iniciativa ‘Reitor conversa com investigadores’, realizada, esta segunda-feira, no Campus de Gualtar, em Braga.
Em abril, em declarações à Agência Lusa, a ministra Elvira Fortunato referiu que seria lançado em julho o aviso de abertura de um concurso da FCT para a integração na carreira científica ou docente do ensino superior de investigadores cujo contrato de trabalho tenha terminado ou esteja a terminar.
No mês seguinte, a governante afirmou que a iniciativa, prevista no Orçamento do Estado para 2023, será cofinanciada por fundos europeus e pode abranger mil doutorados, cabendo às universidades e aos institutos politécnicos, no quadro da sua autonomia e com os quais a FCT vai assinar um contrato-programa, “definir quantos investigadores e docentes querem de carreira”.
Na sessão decorrida na academia minhota, tendo em conta as reuniões mantidas entre o CRUP – Conselho de Reitores das Universidades Portuguesas e o ministério da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior, o reitor da academia minhota adiantou que as instituições de ensino superior só terão um apoio de 50% para o pagamento dos salários e durante um período de três anos.
Assim sendo, avisa Rui Vieira de Castro, “a universidade não tem condições financeiras nem mecanismos que permitam manter os investigadores”, acrescentando que esta posição é partilhada pela “generalidade das instituições de Ensino Superior”. Dos 374 investigadores que fazem parte da academia minhota, 338 têm contratos a termo, que acabam entre dezembro de 2024 e setembro de 2025.
Além disso, o responsável máximo da Universidade do Minho aponta ainda ao facto de o concurso prever que “muitos dos investigadores possam ser contratados para posições de docentes”, o que “significa, pelo menos, parcialmente, fragilizar a atividade de investigação”. “Não podemos aceitar um quadro que nos colocaria numa posição mais débil do que estamos atualmente”, assinala.
Reitoria convida investigadores a tomarem posições públicas
Apesar do cenário atual e atendendo à “preocupação” demonstrada por Elvira Fortunato sobre esta matéria, Rui Vieira de Castro mostra-se convicto de que “alguma revisão será feita” em breve pelo governo, nomeadamente no que diz respeito ao “alargamento do volume de financiamento e do tempo de duração do apoio”.
Na sessão esteve também o vice-reitor para a Investigação e Inovação. Além da pressão que as instituições têm feito junto do governo, Eugénio Campos Ferreira sugere aos investigadores que tomem posições públicas, “seja através de artigos de opinião ou, se necessário for, por via de manifestações”.
