O projeto “Audire – Áudio Repositório: guardar memórias sonoras”, quer criar um repositório de conteúdos sonoros. O trabalho, financiado em 188 mil euros pela Fundação Para a Ciência e Tecnologia (FCT), está a ser desenvolvido desde 2018 pelo Instituto de Ciências Sociais da Universidade do Minho (ICS).

Em entrevista ao UMinho I&D, a coordenadora da investigação refere que Portugal tem vindo a negligenciar o som, dado que o país "não tem propriamente uma política de arquivo de sons". "Há o depósito legal obrigatório para depositar tudo o que são publicações em papel, mas não temos uma política desenvolvida para arquivar a nossa memória sonora", aponta.

Este património vai além do fado, do cante alentejano ou mesmo dos cantares tradicionais do Minho. O projeto, segundo Madalena Oliveira, recolhe sons da natureza e objetos que exprimem a identidade de uma geração.

Nos próximos três anos propõe-se a desenvolver, a título de projeto piloto, um repositório sonoro. Um trabalho que a equipa está a tentar que seja articulado com o Arquivo Nacional do Som. Esta plataforma deverá ser apresentada entre janeiro e fevereiro de 2022.

A líder do projeto revela, em declarações à RUM, que este repositório terá uma "dimensão museológica", o que irá permitir a pesquisa de materiais e realização de exposições temáticas com sons.

Quando questionada sobre o papel das rádios neste repositório, Madalena Oliveira frisa que, no futuro, esta ferramenta pode facilitar o próprio repositório de emissões de rádio”. Uma mais valia, de acordo com a investigadora, visto que as rádios poderiam recorrer a esta plataforma para descarregar materiais sonoros para reportagens.

Outra das metas do projeto "Audire" passa por promover uma maior literacia do som, assim como incentivar os docentes desde o pré-escolar até ao secundário a utilizar mais este sentido em sala de aula.