Proximidade aos ecrãs aumenta em 10x esforço ócular. Risco de miopia está a crescer

Se tem crianças em casa que gostam de ficar “coladas” aos dispositivos digitais como telemóveis e tablets deve saber que esse comportamento, por várias horas e com uma distância inferior a 20 centímetros do ecrã pode aumentar em 10 vezes o esforço visual do olhos.
A médio-longo prazo estes comportamentos podem originar problemas como miopia. A RUM conversou com o director do Laboratório de Investigação em Optometria Clínica e Experimental da Universidade do Minho (CEORLab) e professor catedrático no Departamento de Física da Escola de Ciências da academia minhota, Manuel Gonzalez-Méijome, sobre a problemática. Fique a conhecer as recomendações.
Problemas de focagem ocular e visão turva podem ser sinais de alerta.
No caso das crianças, estas estão num período de desenvolvimento da sua visão. Logo, os pais devem vigiar atentamente o distanciamento aos ecrãs, sendo que o facto das crianças estarem, por vezes, a menos de 20 centímetros de um telemóvel ou tablet faz com que o esforço visual aumente 10 vezes. Em suma, nas crianças o risco de miopização pode ser maior. O especialista frisa que um mês é um tempo curto para que possam desenvolver patologias, contudo se o comportamento se prolongar no tempo, mais uma vez, o risco aumenta.
Apesar de não estar provada uma ligação directa entre o desenvolvimento de miopia e a utilização de dispositivos electrónicos, o professor Manuel Gonzalez-Méijome admite que estas atitudes, podem “despoletar” essas patologias.
O catedrático refere que durante o período de confinamento, devido ao ambiente fechado, podem surgir casos de “secura ocular, vermelhidão, irritação e até sensações de areias nos olhos”. Situações mais frequentes nos adultos, uma vez que a qualidade da lágrima é inferior.
20-20-20 a regra de ouro para uma visão sã.
Para evitar desconfortos Manuel Gonzalez-Méijome aconselha a realização de pausas. O ideal seria “a cada 20 minutos uma pausa de 20 segundos para olhar para algo a 20 pés de distância, cerca de seis metros”. O professor refere que não é necessário levar o método à risca. “Basta depois de uma hora fazer uma pausa de alguns minutos para descontrair os músculos que têm de fazer esforço no nosso olho”, afirma.
Que cuidados devemos ter com a iluminação?
A luz natural não deve interferir no contraste do ecrã, uma vez que se a luz directa estiver a incidir no ecrã isso pode provocar falha de contrastes, excesso de reflexos e brilhos que me dão desconforto e acabam por aumentar a fatiga ocular.
O que fazer em caso de dor ocular?
Para as pessoas com desconfortos ligeiros ao nível ocular ou com desfocagem ligeira o ideal será realizar pausas. No entanto caso o desconforto prevaleça, em especial se existir: “dor associada, secreção intensa, visão turva ou perda de visão que não recupera depois de relaxamento deve ser consultado. Porém, isto não significa sair de casa. Deve ligar ao profissional de saúde que o acompanha ou, então, para a linha SNS 24.
Óculos e lentes de contacto podem ser fortes veículos de contaminação por covid-19?
Manuel Gonzalez-Méijome recusa esta premissa. O professor da UMinho garante que caso a pessoa tenha os cuidados básicos, como higienização das mãos e superfícies, não existe qualquer risco. Recorde-se que é fulcral manter a limpeza e desinfecção das lentes.
“Podemos dizer que ainda existe algum desconhecimento sobre esta matéria, mas há quem defenda que os produtos de limpeza das lentes de contacto são eficazes contra microorganismos que podem ser mais resistentes do que estruturas virais”, revela.
*Vanessa Batista.
