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Fotografia: Volei Clube de Braga
Tiago Barquinha

Desporto 17.04.2023 13H33

Volei Clube de Braga surge para preencher “uma lacuna” no concelho

Escrito por Tiago Barquinha
Pela primeira vez, a capital do Minho conta com um emblema 100% dedicado à modalidade.
O presidente e diretor executivo, Marco Libertini, e Borja Serafim, vice-presidente e diretor técnico, entrevistados no RUM(O) Desportivo.

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"Num convívio de voleibol, depois de tanto insistir, um miúdo disse-me que era preciso criar um clube. Lancei-lhe o desafio de arranjar 15 pessoas e achei que ele ia desistir da ideia. Passaram três/quatro horas e ligou-me: «Já consegui. Quando é que a gente arranca?»". Esta foi "a pedra fundamental" que permitiu erigir o Volei Clube de Braga, o primeiro do concelho dedicado a 100% à modalidade, oficialmente fundado no dia 3 de março.


Entrevistado no programa RUM(O) Desportivo, Marco Libertini explica que o projeto “nasceu da paixão e da vontade de querer fazer alguma coisa em prol do voleibol”. Como só existiam dois emblemas bracarenses com a modalidade a funcionar e ambos vocacionados para o feminino, o SC Braga e o Dumiense/Colégio João Paulo II, o presidente do clube refere que “muitos jovens eram obrigados a deslocar-se para outras cidades”. Os restantes desistiam.


Enquanto desempenhava o cargo de treinador nos escalões de formação do conjunto de Dume, as conversas com Borja Serafim, vice-presidente do Volei Clube de Braga, foram fundamentais. Duraram um ano e meio até o sonho se tornar realidade. 


Nesta fase inicial, o treinador natural de Viana do Castelo confessa que tem encontrado “muitas dificuldades”, com “problemas que são necessários ultrapassar”, como a falta de material - bola, redes e postes - e de infraestruturas. Ainda assim, destaca o sentido de missão de preencher “uma lacuna” no concelho, acreditando que se vai chegar “a bom porto”.


Antigo atleta da última equipa masculina de voleibol do concelho, a Universidade do Minho, que competia a nível nacional, nos anos 90, Borja Serafim considera que “a escassez de pavilhões” é um dos motivos que explica essa travessia no deserto. “Noto que há muita gente que gosta de voleibol, há muitos jovens que praticam desporto escolar e que adoram a modalidade, mas depois…”, lamenta.



Subida de divisão no horizonte


No caso do Volei Clube de Braga, os treinos dividem-se entre a Escola Básica de Lamaçães e o Pavilhão Municipal de Merelim São Paio. Consoante o desenvolvimento do emblema bracarense, Marco Libertini, que é também diretor executivo, vê com bons olhos a possibilidade de dispor de infraestruturas próprias. No entanto, “sem apoio municipal, será muito difícil”. De forma a obter financiamento para o clube, o dirigente destaca que concorreu ao Orçamento Participativo, mas, “sem perceber bem a razão”, a candidatura não chegou sequer a ser validada. 


Até ao momento, o clube angariou cerca de 20 sócios e perto de 40 atletas, que, “em princípio”, segundo Borja Serafim, vão permitir criar uma equipa sénior, para competir na terceira divisão nacional, e outra de sub-21. O também diretor técnico - “enquanto der” vai acumular funções no Dumiense/Colégio João Paulo II - define o objetivo de chegar ao segundo escalão em cinco anos, mas "não a qualquer preço”. “Queremos trabalhar nos escalões de base para depois recolhermos os frutos”.


Nesse sentido, além da vertente competitiva - na próxima época pode estender-se a outros escalões consoante a adesão -, o clube olha também para a dimensão lúdica, desde as crianças a partir dos nove anos até aos masters mistos, dedicados a homens e mulheres acima dos 21 anos.



Cidade representada no nome e… no emblema


O símbolo do Volei Clube de Braga apresenta em destaque o Arco da Porta Nova, envolvido pelas cores do município (azul e branco). Com nacionalidade brasileira e radicado na capital do Minho desde 2018, Marco Libertini fala na vontade de “devolver” aquilo que recebeu e a forma “positiva” como tem sido tratado desde que chegou.


“Acho que temos a musculatura e a resiliência suficientes para lidar com todas as dificuldades. Foi muito difícil chegar até aqui, entre papelada, burocracia e muita gente a dizer «não»”, refere.

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