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Vanessa Batista

Regional 01.08.2024 17H23

"Zero acidentes" é objetivo da obra na Cascata do Tahiti. FAPAS considera Providência Cautelar

Escrito por Vanessa Batista
Obra irá arrancar durante o mês de agosto. A FAPAS - Associação Portuguesa para a Conservação da Biodiversidade considera a intervenção "pesadíssima".
Declarações do presidente do Município de Terras de Bouro, Manuel Tibo, e do presidente da direção da FAPAS, Nuno Oliveira Gomes.

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Zero acidentes” na Cascata das Barjas, mais conhecida como Cascata do Tahiti. Este é o objetivo do Município de Terras de Bouro com as obras no valor de 260 mil euros, financiadas pelo Fundo Ambiental, que arrancam durante o presente mês de Agosto.


A empreitada foi adjudicada à empresa Qualidade Group. O prazo de execução é de 120 dias, ou seja, tudo indica que no próximo ano, o local estará pronto para receber turistas em segurança. No local irá nascer um miradouro, gradeamento e outras intervenções ao redor da cascata para melhorar o acesso. Recorde-se que esta quarta-feira, um visitante dinamarquês de 30 anos ficou gravemente ferido.


Os acidentes neste local, durante o período de verão, são recorrentes. Ora, em declarações à RUM, o presidente Manuel Tibo olha para este projeto como um assumir de responsabilidades de "criar condições de segurança para que as pessoas possam visitar as cascatas independentemente das polémicas ou da opinião de qualquer pessoa".


O projeto conta com um parecer favorável condicionado por parte do ICNF - Instituto da Conservação da Natureza e das Florestas. Questionado sobre esta situação, o edil garante que não tem implicações práticas, visto que a obra está completamente enquadrada no local e serão priorizados materiais com maior durabilidade. O edil frisa que apenas uma das margens da cascata será intervencionada. “A única condição do ICNF é o acompanhamento da obra e perceber que o projeto está a ser cumprido, ou seja, o projeto será auditado e fiscalizado tanto pelo município como pelo ICNF", explica.


FAPAS considera avançar com o pedido de uma Providência Cautelar.


O projeto mereceu duras críticas por parte da FAPAS - Associação Portuguesa para a Conservação da Biodiversidade que, aos microfones da Universitária, considera a intervenção como “pesadíssima” do ponto de vista paisagístico. O presidente da associação, Nuno Oliveira Gomes, fala num "conjunto enorme de intervenções" que vão artificializar um dos troços da paisagem mais valiosos do Parque Nacional Peneda Gerês. "É brincar com o Parque. É inacreditável", repudia.


Quanto à premissa da segurança levanta pelo Município de Terras de Bouro, o biólogo considera "falaciosa". Na sua ótica a solução no local poderia passar por mais sinalização, gradeamento e fiscalização. "Quem vai para a serra tem de aprender a andar na serra, assim como quem vai ao mar aprende a mergulhar", ironiza. "Não vai ser o gradeamento a resolver a situação porque as pessoas vão saltar para se aproximarem mais e cair na mesma", conclui.


"A FAPAS nunca fez nada por Terras de Bouro".


A garantia é do presidente do Município de Terras de Bouro, Manuel Tibo, em declarações à RUM. Em resposta às críticas da associação, o autarca aponta à falta de contributos quando a questão são problemas para os quais a câmara ainda não tem uma solução.


"A FAPAS alguma vez demonstrou preocupação com o saneamento que vai para a Albufeira da Caniçada? Alguma vez fez algum tipo de denúncia? Alguma vez fez alguma manifestação que pudesse criar um impacto de investimento significativo para se resolver o problema ou criou um movimento para a erradicação das acácias no parque? A FAPAS alguma vez chamou à atenção sobre a mobilidade no parque?", elenca.


Manuel Tibo frisa que a autarquia está interessada apenas em "ordenar" o território.


Do lado da FAPAS, o assunto será escalado para o Ministério do Ambiente e se necessário pedir uma Providência Cautelar. Do lado da autarquia, Manuel Tibo lança a questão sobre se a FAPAS irá assumir as responsabilidades pelos acidentes.



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