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Liliana Oliveira

Alumni já conheceu 106 países e viveu em 11

Escrito por Liliana Oliveira
Ricardo Silva, antigo estudante de Ciências da Computação, é CEO de um novo operador de telemóveis em Angola. Já viveu em 5 continentes, mas não esquece a primeira casa: a Universidade do Minho.

Embora tenha sangue brasileiro, Ricardo Silva é um cidadão do mundo. A mala é a sua maior aliada nas viagens que já o levaram a conhecer 106 países e a ter morada em 11 nações, de 5 continentes. 

A viagem começou em Braga, com assento no curso de Ciências da Computação da Universidade do Minho. Depois voou para a Áustria e nunca mais parou.

Neste momento, aterrou em Angola, mas é provável que o passaporte já tenha um novo destino.


Ricardo Silva nasceu no Brasil e, aos 18 anos, quis fazer da Universidade do Minho a sua rampa de lançamento para uma carreira internacional. Viveu cerca de 5 anos na cidade dos arcebispos e diz-se um homem de sorte pelas “pessoas e professores” que encontrou na UMinho. “As cadeiras foram muito difíceis, passei muitas horas na biblioteca, mas essa dificuldade ajudou-me bastante, porque, depois disso, as coisas não foram tão complicadas”, afirmou o alumni.


“Só tenho que agradecer pelo que a UMinho me ajudou, tanto pessoal como profissionalmente”.


Ricardo diz que “tudo o que aprendeu na universidade usou no primeiro mês de trabalho” e não esquece as aprendizagens além sala de aula, nomeadamente na Azeituna – Tuna de Ciências da Universidade do Minho, que lhe deu o à vontade necessário ao nível social, sobretudo "a conversar com as pessoas, a ser muito mais pró-activo e desinibido”, algo que o ajudou ao nível profissional, uma vez que, inicialmente, trabalhava na área do marketing e vendas.



“Eu tenho essa facilidade de adaptação, que a UMinho, Braga e a Azeituna me deram”


Esteve associado à Nokia durante mais de duas décadas, actividade que o levou a viver em “11 países diferentes, de 5 continentes”.

Numa viagem rápida pelo globo, Ricardo Silva passou por Portugal, Áustria, onde viveu dois anos, Venezuela, regressou ao Brasil, onde permaneceu cerca de três anos, viajou muito na América Latina, uma vez que era responsável de vendas da Nokia na região, voou para as Filipinas, depois Singapura, Índia, México, Estados Unidos, Dubai e, mais recentemente, aterrou em Angola.

Na lista constam ainda mais de cem países que o alumni já conheceu.


Esta é a primeira vez que Ricardo Silva está sem a família, que permanece no Dubai, onde tem mais estabilidade.

“Se colocar numa escala com a família, Filipinas e Dubai foram os dois melhores lugares onde moramos e a Índia foi, culturalmente, o mais foi marcante”, apontou o alumni.

Ricardo tinha como meta conhecer 100 países até aos 50 anos. Embora não tenha chegado à idade, já passou o número de países que pretendia conhecer.


“Eu estou já no 106.º país. Até aos 50 anos, o objectivo passou a ser 120 países”.


Estas paragens por diferentes lugares do mundo mostraram ao antigo estudante de Ciências da Computação que, culturalmente, “não existe certo ou errado, existem diferentes opiniões e pontos de vista”.

“Aprendi nos últimos cinco anos o que não tinha aprendido na cultura islâmica, na cultura católica ou americana”, sublinhou. E a multiculturalidade, bem como a capacidade de lidar com as diferenças, são o que Ricardo quer deixar de herança aos filhos, que frequentam uma escola onde existem “87 nacionalidades”. “Para eles já não existe o branco e o negro, o islão ou o católico, não existem barreiras”, acrescentou.

Para Ricardo, uma das coisas “mais importantes das viagens é poder entender todas as culturas”.

A família, explicou, teve dificuldade em integrar-se na Índia, onde encontraram um cenário de “pobreza extrema e doenças”. Permaneceram por lá um ano e meio e o entrave não foi o alumni, que, garante, “profissionalmente” a adaptação “foi fácil”. “Eu tenho essa facilidade de adaptação, que a UMinho, Braga e a Azeituna me deram”, frisou.


Com a esposa croata, em casa falam-se três línguas fluentemente: o português, o croata e o inglês.

Por onde foi passando, o idioma não foi um entrave, mas exigiu a Ricardo uma adaptação, não só pelas diferentes pronúncias de inglês, mas também porque em alguns locais, como na Índia, usam muito a expressão corporal para comunicar, algo que para quem chega pode ser, à primeira vista, uma dificuldade.




Alumni desafia jovens da UMinho para experiência em Angola 


Viajando até Angola, onde se instalou mais recentementeRicardo encontrou um novo desafio.

“Estou a liderar um novo operador de telemóveis em Angola, o terceiro operador no país e teremos um desafio grande pela frente”, garantiu.

Actualmente, o alumni coordena “uma equipa que começou com três pessoas, conata agora com 20” mas é expectável que, até ao final do ano, sejam “600” os colaboradores.

À procura de “pessoas capazes”, Ricardo Silva deixa o desafio aos alunos da UMinho para que se aventurem fora de portas e comecem formação em telecomunicações, em terras angolanas. (Para mais informações podem aceder ao site da empresa)


Braga tem sempre a porta aberta, para os ‘bons filhos que a casa tornam’. E Ricardo sente isso a cada regresso. A UMinho deixou marcas que ainda hoje o acompanham, ou não encontrasse em Angola “amigos da universidade”.

Embora trabalhe “15 horas por dia”, e até já tivesse viajado muito para África, “Angola surpreendeu”. “Acreditava que seria um país muito fechado, mas os angolanos têm uma mistura do português com o brasileiro ao nível de carácter. São um pouco desconfiados no início, mas depois abrem a porta de casa e são amigos”, esclareceu o antigo estudante.


Aos que como ele pensam fazer do mundo a sua casa, Ricardo Silva deixa alguns conselhos: “Nunca tentem encontrar no país para onde vão as mesmas coisas que têm em casa. Não existe o certo e o errado, existem pontos de vista diferentes. Não fiquem junto do círculo de pessoas do vosso país, misturem-se. O que mais me deu valor em todas as minhas viagens, foi que eu tive poucos amigos brasileiros. Conheçam outros povos, outros países, é muito interessante. Tentem aprender, existem sempre coisas boas em todas as culturas, e não julguem antes de entender”.


Pronto a atingir a meta dos 120 países até aos 50 anos, será difícil registar morada em Portugal a breve prazo. Ricardo assume-se como um cidadão do mundo, que não esquece aquela que foi a sua primeira casa por cá, a Universidade do Minho.

As 15 horas de trabalho diário actuais servirão para um dia cumprir o sonho de “ter 4 bases a nível mundial: na América do Norte, outra no Sul, uma no Dubai e uma na Europa”. 


Ricrado Silva é o verdadeiro 'Alumni pelo Mundo'. 

E entre tanta milhas aéreas percorridas resta-nos dizer: “Boa viagem, Ricardo!” 

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