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Liliana Oliveira

Hugo Ferreira: o alumnus que é o melhor amigo dos flamingos

Escrito por Liliana Oliveira
Licenciado em Biologia e Geologia e mestre em Ecologia, o antigo estudante da UMinho foi convidado para ser coordenador do Corpo Europeu de Solidariedade.

Tem nos flamingos os seus melhores amigos. Talvez pelo tempo que lhes dedica e pelos ensinamentos que estes lhe proporcionam. Hugo Ferreira é um alumnus que dá cartas na Europa. Depois do projecto de voluntariado, no Tour du Valat, foi convidado pela Comissão Europeia para ser um dos 21 coordenadores do Corpo Europeu de Solidariedade. Mas isto é apenas o iníco. Pelo caminho, o bracarense já venceu dois prémios e esteve reunido com Jean-Claude Juncker. 


O caminho foi longo e nem sempre correu de feição. Depois de deixar a UMinho, a casa que nunca esquece, as oportunidades teimavam em aparecer. Estávamos em 2017. O espírito aventureiro levou Hugo até ao sul do país para trabalhar numa unidade hoteleira. A teimosia acabou por dar frutos e, apesar de desiludido por não trabalhar na área que estudou, a oportunidade bateu à porta. Uma vaga numa associação de preservação da natureza das Zonas Húmidas Mediterrânicas, na Camarga, no sul de França, onde existe a maior colónia de flamingos da Europa e a única de França. Era o início do caminho no Tour du Valat. “Não pensei duas vezes, larguei tudo e fui”, relembrou o jovem. Mal sabia Hugo, que o caminho seria longo e de sucesso.


Alumnus já venceu 2 prémios e reuniu com Juncker


As tarefas começaram por ser simples, contou Hugo. “Via fotografias, tentava identificar as espécies, mas como tinha muito gosto e era esforçado comecei a ter mais e mais responsabildiade”, acrescentou.

Começou a ficar responsável pelas “operações de terreno para fazer os anilhamentos de monitorização e pela base de dados dos flamingos”, a partir da qual se consegue saber “onde nasceram, por onde andaram, a sua família e saber como diferentes efeitos, como as alterações climáticas, os afectam”.




Um dos meus trabalhos era sair às 4horas da manhã, ia para dentro da reserva natural, escondia-me e esperava por eles. O meu objectivo era fotografar os anéis para os identificar e aproveitar para tirar umas fotografias", detalhou. 


E foi precisamente a vertente multimédia que lhe valeu dois prémios: o Erasmus+ Volunteering Awards, em 2018, e o European Solidarity Corps Photo Contest, em Janeiro 2019.

O vídeo onde retratou a experiência de voluntariado e cultural resultou na distinção como Voluntário do Ano e uma fotografia valeu-lhe o Momento Mágico do Mês.




O plano era ficar nove meses em França, mas a estadia prolongou-se. O empenho, a energia, as ideias e a vontade acabaram por chamar a atenção de responsáveis pelo projecto que convidaram o voluntário para ser um dos coordenadores do Corpo Europeu de Solidariedade, nomeadamente ao nível da network que estão a desenvolver para “envolver mais os jovens nas responsabilidades europeias”.

Sentado na mesma mesa que Jean-Claude Juncker, o presidente da Roménia e alguns comissários, o antigo estudante da UMinho retirou duas conclusões: “A primeira é que os jovens ainda estão muito mal informados ao nível das oportunidades; a segunda é que apesar de ser um simples estudante acabado de sair da Universidade eu realmente consigo fazer a diferença”, desvendou.


Estas ilações deram-lhe ainda mais motivação para continuar e “atrair mais jovens”, sobretudo os portugueses.

Portugal é o 6.º país com mais jovens inscritos no programa e existem milhares de voluntários de todos os países da Europa, com o “objectivo de dinamizar uma network que envolva toda a gente, atrair novos participantes, apoiar participantes que estão neste momento a fazer voluntariado e manter os antigos ainda envolvidos”.

O projecto, que além do voluntariado abrange intercâmbios e oportunidades de trabalho, tem-se dedicado a várias e diferentes áreas, desde o ensino aos refugiados, mas, “neste momento, encontra-se a apostar muito no ambiente”.



"Não venho a Portugal sem passar na Universidade do Minho"


Agora é um rapaz do mundo, e principalmente dos flamingos, mas o sucesso de hoje, diz, foi cimentado na UMinho.

“Foi graças a colegas e professores que consegui ter força para arriscar e sair de Portugal e foram os ensinamentos da universidade que me ajudaram a ter sucesso”, asseverou.

Com nostalgia e saudade, não hesita em afirmar: “Não venho a Portugal sem passar na Universidade do Minho”.

Normalmente de “quatro em quatro meses” vem matar saudades de casa, mas tem em Arles a segunda morada, numa terra onde diz ter sido muito bem recebido.


Na bagagem levou o conhecimento para, em pouco tempo, ser considerado “um deles”.

“Sou o único que está envolvido em quase todos os projectos. Podia estar a trabalhar com os colhereiros, a base de dados dos flamingos, à noite ir procurar corujas e no dia seguinte ir trabalhar com peixes”, exemplificou.

Sempre lhe disseram que a área que ambicionava seguir não teria saída. Hugo foi teimoso e perseguiu o sonho. Hoje, revela, nunca ter sonhado ao ponto de trabalhar com as pessoas que trabalha nem ter prémios pelo seu desempenho.


Por isso mesmo, impulsiona os colegas a seguirem as áreas com que sonham. E, falando em sonhos, os deste alumnus “não acabam”. “Arrisquem e não desistam, porque nunca sabemos o que vai acontecer”, aconselhou.

Por agora, Hugo Ferreira procura financiamento para um novo projecto, ligado à migração dos colhereiros. Mas, no futuro, espera integrar mais projectos ambientais e, preferencialmente, com mais compatriotas envolvidos.

Tudo “tem valido a pena”, garante, e, apesar de se sentir bem em terras francesas, não nega o desejo de um dia voltar a casa. 



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