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Liliana Oliveira

O economista que dá cartas no BNU em Macau

Escrito por Liliana Oliveira
Ricardo Pinheiro estudou Economia na UMinho, mas vive e trabalha há cinco anos em Macau, terra que adoptou como sua e da qual já não sabe se quer sair. 

Ricardo Pinheiro licenciou-se em Economia e, posteriormente, fez uma pós-graduação em Finanças.


Já no decorrer do seu percurso académico, Ricardo tinha vivido a sua primeira experiência internacional, através do programa ERASMUS, em Varsóvia, durante seis meses. Experiência esta que considera “marcante”.


Mas foi o programa INOV, relacionado com estágios profissionais internacionais dirigido a jovens com formação superior e entidades que queiram reforçar as suas equipas com talento português, que o levou até Macau, onde vive há cerca de cinco anos.


Na altura em que estava a terminar o seu estágio na Bosch, em Braga, e perante as “dificuldades financeiras” que se viviam em Portugal no momento, Ricardo decidiu candidatar-se ao programa e foi “submetido a um conjunto de testes”, que foi sempre passando até ser colocado no Banco Nacional Ultramarino (BNU), um banco português que está há 116 anos em Macau. “Tinha esta vontade e interesse por ter uma experiência fora”, admitiu o alumni.


Agora, trabalha na sala de mercado do BNU e é responsável pela liquidez do banco. Ricardo desenvolve, no fundo, um trabalho de “backoffice”, onde “prepara produtos financeiros, como fundos de investimento”. Funções que, diz, desenvolve com “muito prazer” e para as quais aproveita os conhecimentos adquiridos na licenciatura.




“Todos os conhecimentos que obtive na UMinho utilizo agora no meu dia-a-dia"



“Todos os conhecimentos que obtive na UMinho, a forma de pensar e todas as competências transversais utilizo agora no meu dia-a-dia na elaboração dos relatórios e análises”, afirmou.


Da passagem pela UMinho, Ricardo não esquece a experiência de Erasmus, que se verificou também uma mais valia nas suas actuais funções, os amigos e alguns professores, como Fernando Alexandre, que ensinava “de uma forma bastante interessante e próxima dos estudantes”.


Enquanto estudante de Economia, Ricardo Pinheiro esteve “à frente do núcleo de estudantes do curso”, uma experiência com a qual aprendeu “muito”.



Na vertente mais lúdica, o alumni recorda “as festividades académicas e as praxes, que fazem parte da vida académica e que também marcam”. “Tenho com certeza saudades”, garantiu ao Académico.

“Muitas dessas experiências acompanham-nos para a vida e fazem-nos ser aquilo que somos agora”, disse o jovem.


Chegado a Macau, há cinco anos, o alumni foi “muito bem recebido”. Na bagagem levou os “receios”, próprios de quem começa uma aventura longe de casa.


A vantagem, confessa, foram os colegas que já estavam em Macau que “ajudaram bastante”.

Pelo INOV vão habitualmente para a cidade “entre 18 a 20 pessoas”, uma companhia que ajuda a contornar a solidão.



“Há muitos traços de Portugal em Macau"



Portugal está a quase 11 mil quilómetros de distância e as saudades não são fáceis de gerir. Por isso, e para se sentir mais integrado, Ricardo decidiu inserir-se numa equipa de futebol de matriz portuguesa, onde conheceu “muita gente” que depressa o integrou na comunidade local.


À chegada, o alumni não ficou indiferente aos sinais portugueses espalhados pela cidade. Além dos muitos portugueses em Macau há sinais de Portugal um pouco por todo o lado, desde a calçada às paragens dos autocarros cujos nomes estão descritos em chinês e português.


“Há muitos traços, muitas ligações, por exemplo, os nomes das ruas, Rua do Porto, alguns aspectos aquitectónicos, como as casas com aspecto português, ou as muitas opções de comida portuguesa, que no fundo faz-nos sentir um bocadinho como se estivéssemos em Portugal”, apontou o alumni, para quem a grande dificuldade na adaptação foi o “clima, com muita humidade”.


São esses pequenos sinais do país que ajudam a “minimizar as dificuldades”, porque as “saudades”, essas prevalecem sempre, “uma vez que se está num local com 8 horas de diferença e a um dia de viagem”.

“Se tivermos saudades da família ou a viver um mau momento não é tão fácil sair daqui e ir a Portugal”, desabafou o jovem, que, normalmente, visita a terra Natal “uma vez por ano, em Agosto”.



"Para já, quero continuar em Macau"



O idioma já ia estudado desde o Erasmus em Varsóvia, que lhe permitiu melhorar o nível de inglês. Essa primeira experiência fora de portas serviu também para Ricardo aprender a viver sozinho, por isso quando foi para Macau “já nada era novo”.


O alumni sabe apenas “umas palavrinhas em chinês”, embora esteja nos seus objectivos “a curto ou médio prazo” dedicar tempo para aprender a língua”.


Ricardo Pinheiro aconselha os jovens universitários a apostarem numa experiência de Erasmus. Os que arriscarem uma oportunidade fora de portas devem “integrar-se na comunidade local, conhecer as pessoas e atividades que lá se fazem, para estarem bem inseridos”, sugeriu o alumni.


O antigo estudante de Economia assume que “não corre sempre tudo bem e as pessoas têm que estar à espera de várias dificuldades e ter um bom espírito para as enfrentar”.


Com morada em Macau há cinco anos, Ricardo Pinheiro não tem ainda data de embarque para a viagem que o possa, eventualmente, trazer de volta às origens. O alumni diz sentir-se bem e realizado em Macau, apesar de lhe custar “estar longe da família e dos amigos”.


“O tempo vai passando e eu já estou aqui há cinco anos. Já passou o período inicial em que as pessoas decidem se ficam ou não ficam. Nunca se sabe, mas para já é para continuar cá”, finalizou. 

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