O 15º Congresso Nacional de Radiodifusão aconteceu, no passado sábado, em Porto de Mós, e estiveram presentes 102 rádios apoiantes e cerca de 130 participantes de todo o país, incluindo rádios das regiões autónomas da Madeira e dos Açores.

Durante o congresso foram debatidos temas como os desafios no financiamento das rádios, o papel das rádios locais ou o aumento da popularidade dos podcasts.

Naquele encontro, o presidente da Associação Portuguesa de Radiodifusão, Luís Mendonça, referiu que “as rádios são o garante da democracia no país e estão com muitas dificuldades de financiamento". "Além disso", denunciou, "o Estado não tem acompanhado esta preocupação das rádios” e “há uma falta de políticas públicas gritante”.

Durante o painel onde se debateu “Os desafios da gestão e novos modelos de negócio das empresas de Rádio em tempos de crise”, foram apresentadas algumas reivindicações. 

“Queremos ter direito a tempos de antena em todas as eleições (e não apenas nas Autárquicas e nos Referendos), queremos que as associações do setor voltem a distribuir a publicidade institucional do Estado, e temos que ser reconhecidos como produtores de conteúdos e, por isso, ter direito aos Direitos de Autor e Conexos e, a partir daí, termos direito uma percentagem da verba anual da Lei da Cópia Privada, que no último ano ultrapassou os 33 milhões de euros”, reivindicou Luís Mendonça.

Nuno Inácio, presidente da direção da Associação de Rádios de Inspiração Cristã, também marcou presença neste painel e reforçou que as rádios locais precisam de ter recursos para voltarem, de facto, a serem locais e oferecer aos ouvintes conteúdo diferenciador. 

O financiamento da rádio também foi destacado por Ana Isabel Reis, docente e investigadora da Faculdade de Letras da Universidade do Porto.

O futuro da rádio também esteve em discussão

Ao longo do dia houve ainda mais dois painéis, um deles dedicado aos “Novos territórios do podcast”, onde o subdiretor da rádio Observador, Ricardo Conceição, apresentou exemplos de como “o podcast pode salvar a rádio”. No mesmo Painel, Miguel Paisana, investigador do OBERCOM, mostrou como os podcasts podem ser um “terreno fértil”. O investigador revelou dados que apresentam Portugal como um dos países da Europa onde mais se consome podcasts.

Na agenda do evento, estiveram também os “Novos Paradigmas” da rádio. Pedro Braumann, professor da ESCS – IPL e diretor na RTP, Arcindo Guimarães, administrador do grupo Voz On e Luís Matias, realizador na rádio Diana FM, debateram o presente e o futuro da rádio, destacando o papel dos rádios dos carros.

Na cerimónia de abertura, em representação do Ministro da Cultura, esteve presente Sérgio Gomes da Silva que destacou o “importante papel” das rádios “na Cultura e na democracia”. O presidente da Câmara Municipal de Porto de Mós, Jorge Vala, relembrou, na abertura do congresso, ser “fundamental um reforço de apoio estatal” para as rádios locais, que “continuam a oferecer muito mais do que aquilo que recebem”. O autarca sublinhou ainda que “as dificuldades para o investimento na modernização, os fracos apoios e a pouca publicidade” contribuem para o enfraquecimento das rádios locais. 

*Escrito por Patrícia Silva