Regional 19.11.2024 19H07
A literatura como escape da realidade no Hospital de Braga
O Hospital de Braga recebeu, esta terça-feira, a iniciativa ‘Ler no Hospital’, do grupo dst, para promover a humanização do tratamento através da leitura de poemas.
Ler no hospital como um modo de passar o tempo a auxiliar no tratamento. É com este mote que o grupo dst levou ao Hospital de Braga, esta terça-feira, a iniciativa ‘Ler no Hospital’. Durante meia hora, Gonçalo M. Tavares fez a leitura de poemas próprios e do escritor José Viale Moutinho para cerca de dez utentes que realizavam tratamento na enfermaria do Hospital de Dia Médico, da ULS de Braga.
Para o autor, os espaços, como as unidades médicas, que demonstram as fragilidades humanas, são “locais importantes para a literatura entrar”, e aponta que a leitura, neste caso em voz alta, é “fundamental para perceber que a literatura não serve apenas para momentos de alegria”, mas também para os de maior fragilidade.
Gonçalo M. Tavares recorda que já leu em prisões, sublinhando que a literatura é capaz de permitir “dar um passo ao lado em relação à vida real”. “Temos uma vida de imaginário, de imaginação, que é muito rica”, acrescenta.
Esta iniciativa do grupo dst já passou por um lar de idosos e uma creche, na segunda-feira, e vai encerrar no estabelecimento prisional de Braga, a 22 de novembro, com a presença do jornalista Álvaro Cúria, a ler poemas da obra ‘Movimento’, de João Luís Barreto Guimarães.
O presidente do Conselho de Administração do grupo, José Teixeira, aponta que esta iniciativa está integrada ao Festival Utopia, que está patente em Braga até domingo, e pretende demonstrar como "a literatura é instrumental".
Já do lado da ULS de Braga, a diretora clínica dos Cuidados de Saúde Hospitalares da ULS, Paula Vaz Marques, afirma que esta iniciativa contribui para a “humanização dos cuidados de saúde”. Para a responsável, a leitura proporciona aos doentes “momentos de relaxamento e de bem-estar psicológico”.
“A esperança é que, quem visitar um doente, pegue num livro e leia para a enfermaria”
O grupo dst pretende ter pequenas bibliotecas em cada enfermaria do Hospital de Braga. A ambição foi expressa por José Teixeira que, segundo o responsável, ao invés de “ter uma biblioteca nesta enfermaria”, a ULS deve passar a contar com “bibliotecas em todas as enfermarias”.
Para o presidente do Conselho de Administração do grupo, o poder da leitura pública é de “aproximar as pessoas de uma certa calma”, e sublinha, ainda, que a iniciativa pretende fazer com que, “quem visitar um doente, pegue num livro e leia para a enfermaria”.
A leitura, mesmo que individualmente, já decorre nas enfermarias. A diretora clínica dos Cuidados de Saúde Hospitalares da ULS recorda que alguns doentes trazem livros e revistas, e o facto de haver livros nestes locais permite que os próprios familiares e acompanhantes possam fazer uma leitura “não só para o utente, mas também para as pessoas que estão nas salas ao lado”. “Tudo isto contribui para a humanização deste ambiente hospitalar e para um abrir de janelas e renovar da esperança”, finaliza.
*Escrito por Marcelo Hermsdorf e editado por Maria Carvalho