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 Paulo Jorge Magalhães / Global Imagens
Vanessa Batista

Academia 09.03.2023 21H00

Abandono no ensino superior: Primeiro ano pode ser decisivo

Escrito por Vanessa Batista
Maria do Céu Taveira, professora associada do Departamento de Psicologia Aplicada da Escola de Psicologia da Universidade do Minho, em entrevista ao UMinho I&D.

O primeiro ano de entrada na universidade pode ser decisivo na escolha de continuar ou abandonar o ensino superior. A convicção é da professora associada do Departamento de Psicologia Aplicada da Escola de Psicologia da Universidade do Minho, Maria do Céu Taveira, responsável pelo projeto Europeu Erasmus "Sunstar - Suporte aos estudantes universitários em risco de abandono", em Portugal.


O trabalho foi desenvolvido, ao longo de 36 meses, por seis instituições de quatro países distintos, são eles: Portugal, Alemanha, Grécia e Sérvia. Em entrevista ao UMinho I&D, a investigadora garantiu que existem diversos motivos que podem levar ao abandono dos alunos.


"A forma como a decisão foi tomada sobre o curso durante o ensino secundário", pode ser o início dos problemas de acordo com a investigadora. "Quando conseguem realizar esse objetivo descomprimem, digamos assim, e depois os primeiros resultados não são os melhores e acabam por desanimar", conclui.


Seguem-se diversas questões internas como: será este o curso certo ou dúvidas em relação à capacidade de concluir a licenciatura. Outro fator com muito peso está relacionado com as dificuldades económicas que, caso o aluno seja deslocado, acabam por ser agravadas devido à falta de capacidade das residências universitárias. "A questão do abandono deve ser atacada muito precocemente, logo no primeiro mês", defende.



Projeto desenvolveu quatro ferramentas que permitem o autodiagnóstico e aconselhamento dos estudantes.


O projeto "Sunstar" oferece quatro tipos de ferramentas que permitem monitorizar o estudante e, simultaneamente, auxiliar o desenvolvimento do ensino superior. Uma das ferramentas colocadas à disposição é uma plataforma digital que permite o autodiagnóstico, ou seja, alerta para o caso de um aluno apresentar uma maior probabilidade de vir a abandonar a universidade.


A ideia passa por analisar "a motivação, estratégias de aprendizagem, autodisciplina, entre outras". Segue-se o envio de um "feedback estruturado de interpretação desses resultados e recomendações sobre o que pode fazer", uma forma de "guiar o estudante e apoiá-lo numa situação em que esteja indeciso".


O último de seis módulos deste questionário apresenta-se com a designação "E se?", direcionado para os alunos que estão convictos da sua decisão de abandonar o ensino superior.


Nos últimos três anos, o projeto tem sido testado junto de alunos do primeiro ano da Escola de Psicologia, onde teve, segundo a docente, “bastante sucesso”.


"Os próprios docentes que utilizaram a ferramenta ficaram mais esclarecidos e alerta para esta problemática. Muitas vezes, os próprios docentes não têm um conhecimento profundo sobre o assunto, portanto, penso que é uma boa opção", refere.


O Ministério da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior já reconheceu a importância desta questão. A Universidade do Minho terá um projeto financiado no sentido de minorar fatores de insucesso e abandono. Projeto esse que poderá reter algum do conhecimento já adquirido pelo Sunstar.


Recorde-se que a UMinho apresenta taxas de abandono na ordem dos 11%. Os dados foram avançados durante o seminário “Prontidão de carreira e apoio ao sucesso académico no ensino superior". No caso da licenciatura a percentagem é de 6%. Já nos mestrados é três vezes superior. 

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