Academia 19.11.2024 15H12
"Administração Trump pode colocar em risco a ideia de empurrar a Rússia para uma paz justa”
Professora de Ciência Política e Relações Internacionais da Universidade do Minho, Sandra Fernandes, faz um ponto de situação do conflito armado entre Rússia e Ucrânia, mil dias depois da invasão russa.
Os alarmes soaram a 24 de fevereiro de 2022. Mil dias depois, assinalados esta terça-feira, a Ucrânia continua a ser um território ameaçado. O presidente russo, Vladimir Putin, assinou, hoje, o decreto que alarga a possibilidade de utilização de armas nucleares, depois de os Estados Unidos terem autorizado Kiev a atacar solo russo com os mísseis de longo alcance.
No entanto, “a administração Trump”, a partir do início do próximo ano, pode colocar em risco “a ideia de empurrar a Rússia para uma paz justa”. A ideia é defendida pela professora da UMinho Sandra Fernandes.
A docente de Ciência Política e Relações Internacionais afasta, no entanto, a ideia de uma terceira guerra mundial.
“É certo que a situação ucraniana, em 2025, irá alterar-se, com perspetiva de negociações. Uma guerra mundial não é do interesse de nenhum dos envolvidos no conflito”, afirma a professora.
Com a vitória de Donald Trump nas eleições americanas, Sandra Fernandes acredita que a Ucrânia “terá que se sentar à mesa das negociações e, porventura, numa posição que não lhe dá a possibilidade de exercer a sua soberania imaginando, por exemplo, uma espécie de obrigação de optar por um estatuto de neutralidade, que não é o que a Ucrânia deseja, uma vez que aquer fazer parte da família europeia alargada, inclusive integrando a NATO”.
Mil dias depois do início do conflito armado, “não há vencedores, nem vencidos”, sendo a principal alteração a mudança na liderança do “principal aliado” dos ucranianos, os Estados Unidos.
“Se a mesa das negociações fosse aberta hoje, a Ucrânia não estaria numa posição de força face à Rússia”, finalizou a docente.