Regional 20.06.2023 15H52
Adolescere acolhe 100 refugiados e continuam a chegar a Braga mais famílias
Assinala-se, esta terça-feira, o Dia Mundial do Refugiado.
Chegam do Afeganistão, da Síria, do Iraque, Irão, Serra Leoa, Gana, Gâmbia, Congo, Camarões ou Sudão. A mais nova tem dez anos e a mais velha 76. Não há idade para se ser refugiado, ou, como diz Carla Fernandes, presidente da Adolescere, para se ser deslocado, porque há já uma “conotação negativa associada à palavra refugiado”.
Esta instituição, sedeada em Braga, acolhe uma centena de refugiados, mas serão muitos mais os que permanecem na cidade provenientes de outras partes do mundo, como é o caso da Ucrânia. Braga continua a ser casa para centenas de refugiados que ainda chegam à cidade, seja por causa da guerra, da pobreza, da violência ou das alterações climáticas, que provocam catástrofes naturais, como o terramoto que atingiu recentemente a Síria. A semana passada, a Adolescere acolheu “três famílias monoparentais do Iraque”, esta sexta-feira chegam mais duas pessoas e na próxima semana um casal e uma criança de dois anos. Não é possível quantificar as que ainda poderão chegar até ao final do mês, porque a qualquer momento a Organização Internacional para as Migrações pode enviar mais pedidos de apoio.
Mais de metade de todos os refugiados do mundo provêm da Síria, Ucrânia e Afeganistão, mas Braga continua a ser uma fronteira aberta a mais nacionalidades.
“Em relação a 2022 tivemos um aumento, muito devido ao acolhimento de emergência das crianças e jovens músicos do Instituto Nacional de Música do Afeganistão – ANIM -, que inicialmente ficaram instalados no Hospital Militar, em Lisboa, mas acabaram por vir para Braga”, contou Carla Fernandes.
O desafio, explicou a responsável, foi grande, porque em causa estão crianças e jovens, na maioria dos casos não acompanhados.
Integração tem sido positiva, mas habitação é um problema
A integração na cidade tem sido “muito positiva”. “As crianças estão todas a estudar, umas no Agrupamento de Escolas de Maximinos e outras no Conservatório Calouste Gulbenkian”, adiantou. Mais de uma no depois de chegarem a Portugal, já falam português, conhecem as tradições e hábitos. Além disso, há cinco jovens “não acompanhados num apartamento de autonomização e jovens desta comunidade numa equipa de integração comunitária, em autonomia supervisionada”. Todos os jovens adultos estão integrados profissionalmente. Todos eles contam com número de utente, de identificação fiscal e da Segurança Social.
“A nossa maior dificuldade, neste momento, é transversal, porque é habitação, muito embora estes cidadãos tenham mais dificuldade em arranjar uma casa do que propriamente um cidadão português, até porque não têm poder económico para avançar com seis rendas ou um ano como , por exemplo, como já nos foi pedido”, finalizou.
Proclamado em 2000, o Dia Mundial do Refugiado é assinalado, todos os anos no dia 20 de junho, pelo Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados, com o objetivo de realçar a coragem, os direitos, as necessidades e a resiliência dos refugiados. Este ano o foco das celebrações é o poder da inclusão e soluções para os refugiados - pessoas que fugiram da guerra, violência, conflito ou perseguição e que atravessaram uma fronteira internacional para procurar segurança noutro país.
Conflitos, violência, pobreza e alterações climáticas são apenas alguns dos fatores que levam milhares de pessoas, todos os dias, a abandonar o seu país na procura de uma vida melhor. Nos últimos anos, o mundo tem assistido ao maior fluxo de deslocados forçados alguma vez registado. Só no ano passado houve registo de mais 19,1 milhões de refugiados do que em 2021, atingindo um número histórico, com graves consequências para os Direitos Humanos.