Internacional 21.04.2025 14H21
Alejandro Viegas. Francisco sempre teve uma “relação muito estreita com a América Latina”
Para o presidente da Casa de Portugal em Buenos Aires, o Papa, primeiro pontífice da região, “foi muito ativo” na política latino-americana.
O presidente da Casa Portugal em Buenos Aires, na Argentina, Alejandro Viegas, afirmou que o Papa Francisco sempre “teve uma relação muito estreita com a América Latina”. O pontífice que morreu esta segunda-feira deve receber diversas homenagens pelo país onde nasceu.
Em declarações à RUM, Alejandro Viegas recordou diversas iniciativas que Francisco teve em busca da paz e do seu envolvimento na política latino-americana, como o apoio nas conversas de paz entre as Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (FARC) e o governo local, ao visitar o país e reunir-se com vítimas da violência, “falando da necessidade da reconciliação”. “Dizia que não havia que semear a hostilidade se queríamos recolher os frutos dessa reconciliação”, recordou.
Alejandro Viegas apontou ainda o contacto que teve com o governo da Venezuela e em Nicarágua, para a libertação de “vários sacerdotes que haviam sido detidos pelo regime do presidente Ortega”. Apontou ainda o papel crucial de Francisco durante a ditadura na Argentina, que chegou a ser questionado se não havia uma “cumplicidade com as ditaduras”. Indicou que, o então arcebispo da capital argentina, Jorge Mario Bergoglio, manteve “boas relações que permitiram a liberdade de muitos sacerdotes que haviam sido detidos”, em especial os chamados ‘Curas Villeros’ que trabalham nas periferias.
Em declarações esta manhã nas redes sociais, o presidente argentino Javier Milei afirmou que “apesar de diferenças”, considerou uma honra “conhecê-lo em sua bondade e sabedoria”. Além de Milei, Alejandro Viegas acredita que o papa deve receber diversas homenagens pela Argentina durante o dia. Alejandro Viegas recordou ainda que Francisco sempre manifestou “o desejo de voltar à Argentina”, local que nunca mais voltou desde que se tornou Papa.