ºC, Braga
Braga

Max º Min º

Guimarães

Max º Min º

Wikimedia Commons
Redação

Nacional 08.06.2025 13H56

Alerta da PJ. É preciso ter muito cuidado com a informação partilhada nos sistemas de IA

Escrito por Redação
Segundo o inspetor-chefe da PJ, Luís Afonso, "pessoas põem lá os seus extratos de conta bancária para fazer médias, para fazer análises" ou até os seus registos médicos "para ver se a inteligência artificial tem lá uma outra opinião diferente da do médico".

O inspetor-chefe da Polícia Judiciária Luís Afonso aconselha a que se tenha muito cuidado com a informação partilhada nos sistemas de inteligência artificial (IA), adiantando que a polícia está a fazer um forte investimento nesta área.


"Eu daria como conselho muito cuidado com as informações" que se colocam nos sistemas de IA, "principalmente as informações pessoais", disse em entrevista à Lusa o inspetor-chefe da Unidade Nacional de Combate ao Cibercrime e Criminalidade Tecnológica (UNC3T).


Segundo Luís Afonso, "pessoas põem lá os seus extratos de conta bancária para fazer médias, para fazer análises" ou até os seus registos médicos "para ver se a inteligência artificial tem lá uma outra opinião diferente da do médico".


"Tenham cuidado com isso, pelo menos saibam, pelo menos tenham consciência que uma vez colocado lá, para todo o sempre, estará lá", adverte Luís Afonso, referindo que se desconhece o que vai ser feito com essa informação.


Existe o Regulamento Geral de Proteção de Dados (RGPD), "mas é para os dados normais, para aquilo que até hoje estávamos habituados", prossegue.


"Depois de pormos um dado num assistente de inteligência artificial, não sabemos o que é que fazem com eles, e a verdade é mesmo essa", refere.


E no caso de modelos de IA onde as regras não são as mesmas da Europa ou dos Estados Unidos? "Se estivermos a pôr num país que talvez possa no futuro ser potencialmente hostil a nós, acho que ainda é mais arriscado, enquanto aqui na Europa, especialmente com os assistentes dos EUA, temos alguma confiança", embora "claro que vão ser utilizados os dados", diz.


"Agora quando estamos a dar exatamente a assistentes sediados na China, nós não fazemos a mínima ideia" de como é que esses dados vão ser utilizados, "mas vão ser utilizados, certamente".


Até porque "é um manancial de informação enorme. Aliás, os próprios assistentes, a própria IA aprende com tudo o que nós colocamos lá, estão sempre a aprender", reforça.


Contudo, estas ferramentas de IA estão "disponíveis para os dois lados".


Por isso, Luís Afonso considera que se vai assistir a uma "corrida pela originalidade dos criminosos em arranjar novos `modus operandi`" e a PJ a "tentar seguir e descobrir".


Com a IA, "uma das coisas que nós podemos tentar fazer é tentar prever o comportamento dos criminosos da mesma maneira que os criminosos poderão tentar prever a nossa reação", sublinha.


"Vamos ter aqui uma corrida no futuro, isto parece que é daqui a muitos anos e quase ficção científica, mas não, o desenvolvimento da inteligência artificial está a uma velocidade enormíssima", acrescenta o inspetor-chefe da UNC3T.


A velocidade é "brutal" e "vai estar nas nossas vidas muito rapidamente e nas vidas do mundo do crime de certeza absoluta".


Quando à capacidade da PJ, garante que estão a ser formadas equipas, sem adiantar números, uma responsabilidade da Direção Nacional.


Lusa


Deixa-nos uma mensagem