Academia 15.01.2025 07H00
“As académicas estão a ficar stressadas com alguns anúncios do ministro”
Luís Guedes assumiu funções a 4 de janeiro como presidente da Associação Académica da Universidade do Minho e é o convidado desta semana no programa semanal de grande entrevista da RUM.
O novo presidente da Associação Académica da Universidade do Minho (AAUMinho), Luís Guedes, afirma que é positivo que o ministro da Educação, Ciência e Inovação tenha avançado com um conjunto de estudos relacionados com o ensino superior, nomeadamente em matéria de ação social, tendo em vista a promoção de mudanças, mas discorda da ordem de prioridades que o mesmo tem apresentado, nomeadamente no que respeita à insistência no descongelamento de propinas e no objetivo assumido da subida do valor da propina nos mestrados.
Na primeira grande entrevista na RUM enquanto representante máximo dos estudantes da academia minhota, Luís Guedes admitiu que as académicas "estão a ficar stressadas com alguns anúncios" do ministro Fernando Alexandre. "Acho que a ordem de prioridades não é, de todo, a mais correta. Sei que está a fazer muita coisa ao mesmo tempo [revisão do RJIES; novo sistema de ação social], gosto da atenção para a recolha de dados, procurar fundamentar as medidas que vão ser tornadas públicas, mas a ordem de prioridades devia ser mais clara. As estruturas que representam os estudantes andam a ficar um bocado stressadas, ultimamente, com muita coisa a acontecer ao mesmo tempo", confidenciou.
O presidente da AAUMinho sugere que o governo reforce o mais possível as verbas a transferir para as instituições de ensino superior e para a ação social em particular. Recusa também a ideia defendida por Fernando Alexandre de que as universidades portuguesas serão mais competitivas e atrairão mais estudantes, docentes e investigadores internacionais se subirem as propinas de mestrado. "Não faz sentido. Ainda não gastamos o suficiente no ensino superior para nos preocuparmos se está ou não a ser competitivo para fora ou para dentro. O objetivo do Governo é nos próximos quatro anos aproximar-se dos 3% do PIB para Ciência e Inovação. Estamos com 1,7%, bastante afastados e abaixo da média europeia [2,25%], ainda há muito caminho a trilhar e a primeira abordagem não são as propinas, é dotar mais dinheiro para a ação social escolar e para o ensino superior em geral", argumentou.
Revisão do Regime Jurídico das Instituições de Ensino Superior tem pontos positivos
As propostas em cima da mesa, na revisão em curso do Regime Jurídico das Instituições de Ensino Superior RJIES merecem elogios do presidente da AAUMinho, nomeadamente a que respeita ao alargamento da representatividade dos estudantes nos conselhos gerais das respetivas instituições de ensino superior. “É uma tendência europeia que já vinha a ser valorizada por muitas instituições. Vemos com bons olhos o aumento da representatividade dos estudantes para 25%. Vai no sentido oposto ao que seria feito no nosso Conselho Geral”, assinalouLuís Guedes.
A proposta de revisão apresentada pelo ministério aponta também para a participação dos antigos estudantes no CG e na eleição do próprio reitor. O presidente da AAUMinho não estranha a proposta, considerando que os estudantes depois de concluírem o seu curso “continuam a olhar para a experiência no ensino superior” e acaba por ser uma espécie de “membro externo” que já pertenceu à instituição. “Acho importante, agora não pode ser uma participação equiparada à dos estudantes”, alerta.
Quanto ao mandato do reitor, a proposta aponta para um mandato de seis anos, não renovável. Nesta matéria, Luís Guedes considera que a não renovação “tem muito que se lhe diga, com coisas positivas e negativas”, alertando para a importância de coincidir com o mandato do Conselho Geral para evitar “um maior desfasamento de experiência entre conselheiros”, nomeadamente no que respeita à representatividade dos estudantes. “Deve garantir-se que toda a estrutura da universidade é ajustada”, sugere.