Autarca assume que episódio do Multiusos passou “imagem destrutiva” de Guimarães

O espectáculo de comédia do passado sábado que reuniu quase mil pessoas no Pavilhão Multiusos, em Guimarães, e as fotografias publicadas posteriormente nas redes sociais, passaram uma “imagem terrível e destrutiva” da cidade, reconheceu hoje o presidente da Câmara vimaranense, Domingos Bragança, em reunião de executivo municipal.

O autarca respondeu pela primeira vez ao incidente na primeira pessoa – já depois de ter anunciado ontem, em comunicado, a suspensão temporária dos espectáculos de cultura -, não escondendo o desagrado e a surpresa de toda a repercussão causada pelo episódio.

“Fui supreendido ontem [domingo] sobre aquilo que se tinha passado no dia anterior [sábado]. Comuniquei com o responsável da Tempo Livre [empresa municipal responsável pela gestão do Multiusos] e dei a nota de que a imagem passada foi terrível, destrutiva de tudo o que Câmara está a fazer”, assumiu, revelando que o incidente pode ter dificultado o pedido do município ao Governo de ter equipas multidisciplinares (constituídas por profissionais de saúde e forças de segurança) para minimizar o impacto da Covid-19 no concelho, mesmo que o espectáculo tenha cumprido com todas as normas emanadas pela Direcção-Geral da Saúde. 

“Temos tido 20 casos por dia, é demasiado, e tenho reunido com o secretário de Estado da Mobilidade e com o presidente da ARS-Norte para que se concretizem as equipas multidisciplinares para Guimarães e a imagem de sábado destrói esses pedidos”, lamentou, salvaguardando, no entanto, que o incidente não é da responsabilidade exclusiva da autarquia, visto que a Tempo Livre tem “independência de gestão”, não podendo o “presidente da Câmara andar sempre atrás” do que é conduzido nas empresas municipais.

“A Câmara é gerida pelas redes sociais?”

O episódio do Multiusos foi levado a discussão pelo vereador da oposição, Bruno Fernandes, que acusou a autarquia de impreparação e desresponsabilização do caso.

“O presidente diz que ficou supreendido e isso revela muito daquilo que tem sido a gestão do município da pandemia. O Pavilhão Multiusos é o que mais pessoas pode receber em Guimarães, é anunciada a sua reabertura, e a Câmara diz que não sabe de nada, mesmo sendo a Tempo Livre uma empresa municipal. Não podemos ser incoerentes”, denunciou.

O vereador do PSD foi mais longe e criticou a decisão do município de suspender temporariamente os espectáculos de cultura só depois da polémica instaurada nas redes sociais. “A Câmara é gerida pelas redes sociais? A partir daqui as decisões da autarquia são do escrutínio das redes sociais?”, questionou, acusando ainda o município de “postura ziguezagueante”.

“Guimarães vive um pico de casos, a autarquia diz que é preciso cautela, recomenda a máscara na via pública, diz que a missa campal na Penha não é recomendável, mas o critério foi quebrado com este evento”, assinalou.

Realização de Westway Lab dependente do sinal das autoridades de saúde 

Os responsáveis da autarquia reúnem-se esta terça-feira, dia 13, com responsáveis da protecção civil e da delegação de saúde para decidirem se vai haver ou não o levantamento da suspensão temporária de espectáculos. O encontro será decisivo para aferir a realização do festival Westway Lab – previsto começar na quarta-feira, dia 14, no Centro Cultural Vila Flor. 

A vereadora da Cultura, Adelina Paula Pinto, garantiu hoje, no final da reunião de executivo, que o festival “tem condições” imediatas para acontecer mas o presidente da Câmara, Domingos Bragança, já assumiu que a realização do Westway Lab está dependente do sim das autoridades de saúde.

“Se as delegadas de saúde pública e outras autoridades de segurança aprovarem as normas, teremos espectáculos. Se não aprovarem, os espectáculos não se realizam, numa decisão que tem todo o meu apoio”, assegurou.