BE recusa residência universitária na Confiança. Solução passa pela D. Luís de Castro

O Bloco de Esquerda é contra a transformação da Fábrica Confiança numa residência universitária. Em conferência de imprensa, esta quinta-feira, na sede do partido, os bloquistas defenderam a requalificação e construção do equipamento na antiga Escola Secundária D. Luís de Castro, sendo que o Monumento de Interesse Público deve tornar-se num equipamento cultural e social de portas abertas para os bracarenses.

No final de 2018, o espaço entrou no plano de intervenção criado pelo Governo que prevê a requalificação e reconversão em residências de estudantes de imóveis sem utilização, da propriedade do Estado, através da integração no Fundo Nacional de Reabilitação do Edificado e através de outras modalidades.

O BE endereçou, esta semana, uma pergunta ao Ministério da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior para saber se o Governo pretende avançar com a requalificação dos quatro edifícios anunciados em 2018, são eles: a antiga Escola Secundária D. Luís de Castro (Braga), o Centro de Recrutamento de Braga (PM19/Braga), o Convento Rosa Lima (Guimarães) e a antiga Escola de Santa Luzia (Guimarães). Caso a resposta seja positiva, o partido de esquerda quer entender quando terão início as intervenções em cada um dos edifícios e quantas camas vão disponibilizar.

Uma residência na Fábrica Confiança irá piorar a qualidade de vida dos fregueses de S. Vítor.

Alexandra Vieira, candidata do Bloco à Câmara Municipal de Braga, declara que a construção da residência universitária na abandonada escola situada na União de freguesias de Nogueiró e Tenões é a melhor solução, uma vez que permitirá preservar a memória do “último vestígio industrial na cidade dos arcebispos”. Além disso não irá sobrecarregar a freguesia de S. Vítor, já com uma densidade populacional elevada, com mais residentes e transito.

A cabeça de lista recorda que no interior do Monumento de Interesse Público acredita-se que exista parte da Via Romana XVII, que ligava Braga a Astoga. Ora, a construção de um edifício no logradouro da Confiança poderá danificar estas ruínas. Alexandra Vieira vai mais longe, e como já tinha sido defendido pela Plataforma Salvar a Fábrica Confiança, alerta que este será, ao que tudo indica, mais um edifício construído com base na “lógica do fachadismo”, ou seja, “pouco ou nada vai restar do interior do imóvel”.

Projeto inicial do Governo não incluía construção de raiz na antiga secundária. 

O número dois do Bloco de Esquerda na corrida às eleições autárquicas, José Alfredo Ribeiro, foi presidente da antiga Escola Secundária D. Luís de Castro, por isso, diz conhecer bem o local onde, com o devido enquadramento, é possível construir de raíz um edifício capaz de albergar 600 camas por uma valor inferior aos cerca de 18 a 20 milhões de euros avançados para o projeto na Confiança.

“Residências universitárias não são hóteis”, começa por defender o candidato à Assembleia Municipal, António Lima numa reação ao facto do projeto para a antiga saboaria contar com um spa. A repitação de serviços como restaurantes e ginásios é outro dos problemas, visto que na envolvente estes serviços já são prestados, inclusive pelos Serviços de Ação Social da Universidade do Minho. 

BE lamenta posição da Universidade do Minho e do IPCA.

“Não podemos deixar de lamentar a atitude do presidente do Município de Braga, Ricardo Rio, que não desiste da tentativa de retirar do usufruto público a Fábrica Confiança, lembramos que foi com essa finalidade que a fábrica foi adquirida. Lamentamos também a posição da UMinho e do IPCA” que, no caso da academia minhota, tem uma unidade de arqueologia e foi responsável pelo trabalho de recuperação de Bracara Augusta, “considere agora que é uma questão menor não salvaguardar o último vestígio e memoria do trabalho industrial em Braga”.