A 5ª edição da Bienal de Ilustração de Guimarães (BIG) está de regresso à cidade berço para um ano de consolidação da mensagem "artística, mas também social" do evento que reune, pela primeira vez, "mais de uma cena de obras de artistas de renome nacionais e internacionais". Este ano, a BIG não se "reduz às exposições de qualidade", como quer "criar pontos educacionais".

Segundo Tiago Manuel, diretor artístico do evento, tendo em conta que a Bienal foi fundada num "momento em que o país e o mundo já estavam com graves problemas" há a preocupação de dar bom uso à função do evento que envolva não só a "uma mensagem artística, mas também social". Como tal, este ano, alguns dos artistas expostos vão visitar escolas secundárias do concelho, a Universidade do Minho e o IPCA, para trabalhar a ilustração com os alunos e pô-los em contacto não só com "a técnica como com a mensagem educativa" da arte.

"Ser ilustrador implica uma ética porque cada tema implica uma interpretação de texto. Os ilustradores têm a dura tarefa de de mostrar as zonas de sombra, de exibirem aquilo que se quer ocultar", sublinha.

Também por isso, este ano, o Prémio Carreira é atribuído à cartonista Cristina Sampaio, uma artista que, nas palavras do diretor, "é importantíssima no panorâma nacional atual quer pela linguagem que desenvolveu, que é uma linguagem muito austera que nos obriga a olhar diretamente para o assunto em causa". "Tem coragem de dizer aquilo que pensa, mesmo sabendo que pode criar uma onda de antipatia", acrescenta.

Cerimónia de arranque da BIG terá "sete momentos inéditos"

De acordo com Tiago Manuel, o evento, que arranca com a homenagem a Cristina Sampaio, terá "sete momentos inéditos". Depois da abertura, segue-se uma exposição de ilustrações "mais concetuais" da pintora Ilda David para ilustrar a obra de Camilo Castelo Branco, 'Amor de Perdição'.

Depois do almoço, arranca a cerimónia do grande prémio e a grande exposição que, este ano, é contituída por um corpo artístico com 191 obras de 95 ilustradores nacionais e internacionais.

Segue-se a inauguração de duas exposições. A 'Mão de Ferro, Luva de Seda' que apresenta "uma pequena seleção" de cartazes do espólio de Jean-Luc Passec, diretor da Cinemateca Francesa, que o próprio cedeu à cidade de Melgaço. E a 'Vai e Brinca!' da autoria da anterior premiada com o Prémio Carreira da BIG, Madalena Matoso.

A fechar a cerimónia, o ilustrador António Jorge Gonçalves, o músico Rodrigo Leão e o multi-instrumentalista Gabriel Gomes estreiam o espetáculo de "jazz visual" intitulado 'Desenhar os sons com a luz dos dedos'. Nesta fusão inédita da música e a ilustração digital ao vivo, criada especialmente para a inauguração da 5ª edição da Bienal de Ilustração de Guimarães, o ilustrador "improvisa figuras ao som da música" numa mesa digitalizadora que será projeta no espaço.