Os deputados na Assembleia Municipal de Braga aprovaram, na madrugada de sexta-feira, mais uma medida que visa a 'democratização' do transporte escolar no concelho. Até janeiro de 2024, o município, em parceria com os Transportes Urbanos de Braga, compromete-se a disponibilizar transporte escolar de acesso gratuito para crianças desde o pré-escolar até ao 12º ano. 

A medida, provada por maioria, com exceção do Bloco de Esquerda, e designada School Bus Para Todos, começou nos colégios privados da cidade, num passado recente, com o objetivo de descongestionar as zonas circundantes aos mesmos, sensibilizando pais e crianças para o uso do transporte coletivo. Agora, e aproveitando o serviço TUB nas periferias, o executivo liderado pela coligação Juntos por Braga pretende melhorar a resposta, numa rede escolar alargada, que envolve ainda os mais novos, a frequentar o pré-escolar. A resposta será assegurada através de subcontratação de autocarros, num processo que será conduzido pela empresa municipal TUB.

A proposta mereceu uma ampla discussão, com intervenções múltiplas e esclarecimentos prestados pelo próprio presidente do município de Braga, Ricardo Rio, ele que vincou que além de ajudar à mobilidade dos cidadãos do concelho, a medida tem um caráter de sensibilização para a importância do uso de transportes coletivos, combatendo uma questão que diz ser "cultural", referindo-se ao uso do automóvel em detrimento do autocarro. 

O School Bus para todos, apoiado por ampla maioria, começou por ser analisado pelo deputado do Iniciativa Liberal, Bruno Machado. Considerando que se trata de "uma boa iniciativa", disse que o documento em análise "não evidencia os objetivos do projeto". "É importante aumentar o número de alunos que utilizam o autocarro, mas não se percebe o alcance da medida", notou. Segundo o deputado, alguns membros do IL realizaram uma viagem neste transporte, verificando que a viatura que utilizaram era "bastante antiga e com um cheiro insuportável a gasóleo", questões alvo de crítica e reparo.

O Bloco de Esquerda foi mais crítico nesta matéria. Os deputados eleitos votaram contra, exigiram "mais qualidade dos autocarros" e criticaram a "segregação" incentivada pela autarquia ao separar os mais novos das restantes gerações, defendendo o convívio intergeracional promovido pelos transportes coletivos. A designação do próprio programa foi classificada como "mais um parolismo" de Braga por não constar em português.

O partido Aliança, que também suporta a coligação de direita, desdobrou-se em elogios à medida, enquanto que o Chega "enalteceu" o reforço que "faz caminho em direção às populações".

O Partido Socialista, que também votou favoravelmente, reconheceu que este é "um passo na direção certa", até porque "se exige uma forte aposta nos transportes públicos, linhas dedicadas a transporte público de estabelecimentos escolares", ainda que considere que "o desafio deveria ser maior".

O PSD, partido maior da coligação Juntos por Braga, assinala o facto desta medida, que abrange agora dezanove escolas, ser "o cumprimento de mais uma promessa eleitoral" que "ajuda alunos, famílias e a comunidade no seu todo porque diminui a presença de muitos automóveis nas escolas". Até agora o serviço era prestado em oito escolas do concelho. Palmeira, Gualtar, Celeirós, Tadim, Nogueira, Cávado, Frei Caetano Brandão, Secundária de Maximinos, Cabreiros, Mazagão, Colégio Alfacoop são as novas escolas abrangidas que se somam à André Soares, Francisco, Sanches, Calouste Gulbenkian, Externato Paulo VI, Colégio D. Pedro V, Teresiano e D. Diogo de Sousa.

A própria TUB recorre à subcontratação para assegurar mais este compromisso, com o PSD a assegurar que todos veículos "estão devidamente licenciados e com a presença de vigilantes".