A ausência de iniciativas de promoção do aleitamento materno e uma reduzida prevenção para o consumo de álcool e de tabaco. Estas são algumas das lacunas identificadas pela Câmara de Braga, que vai tentar corrigi-las através do Plano Municipal de Saúde, apresentado esta quarta-feira e que estará em vigor até 2026.

Neste documento é traçado um perfil do concelho, ou seja, uma análise à realidade local que inclui factores como a caracterização sociodemográfica, ambiente, população, escolaridade, economia, criminalidade, habitação, natalidade, mortalidade e cuidados de saúde.

Entre as falhas descortinadas sobressaem também a ausência de programas que promovam a utilização de meios de proteção individual nos locais de trabalho na prevenção do tumor maligno de traqueia, brônquios e pulmão e "a reduzida e desarticulada intervenção na divulgação sobre estilos de vida saudável".

Por outro lado, como aspeto positivo, o Plano Municipal de Saúde destaca "a elevada oferta e variedade de programas e recintos desportivos, com capacidade de aplicação local, permitindo assim boa política de promoção da prática de exercício físico".

O documento, apresentado por Miguel Caldas, técnico da autarquia, é assente em quatro eixos estratégicos: a capacitação do indivíduo, a criação de comunidades e ambientes promotores de saúde, a diminuição do impacto das doenças não transmissíveis na população e a melhoria da esperança de vida saudável.

Nesse sentido, o plano pressupõe um conjunto de iniciativas, que vão desde uma maior intervenção na saúde mental até ao aumento da literacia nesta área, passando pela criação de parques verdes, onde é dado como exemplo o Parque Ecomonumental das Sete Fontes. 

A iniciativa 'Game Off', que pretende combater a dependência dos ecrãs, um serviço de apoio especializado para os cuidadores informais ou a integração no programa Abem, rede gratuita de entrega de medicamentos, são outros dos projetos previstos.

Presidente da câmara destaca papel crescente dos municípios na área da saúde

Este plano, cuja aplicabilidade custará "centenas de milhares de euros", de acordo com o presidente da Câmara Municipal, ajuda a ter "uma perspetiva transversal das respostas existentes na área da saúde e a desenhar as políticas adequadas face aos problemas identificados”.

"As cidades e os seus decisores estão numa posição única para proporcionar a adequada liderança para a saúde e o bem-estar dos cidadãos. Ao longo do tempo, os municípios, em articulação com os parceiros locais, foram assumindo cada vez mais protagonismo nesta área", refere Ricardo Rio, dando o exemplo do trabalho desenvolvido no 'Braga a Sorrir'.

A sessão de apresentação foi também aproveitada para inaugurar o Gabinete Municipal de Saúde, localizado em Santa Tecla. Atualmente está lá instalado o Centro de Apoio à Saúde Oral do ‘Braga a Sorrir’ e o Centro de Medicina Desportiva de Braga. No início de maio vão abrir os gabinetes de apoio à nutrição, psicologia e prescrição de exercício físico.