Regional 12.12.2022 12H26
Braga é o terceiro distrito do país com mais casos de violência sexual
De acordo com o Relatório da UMAR, dos 299 casos de violência sexual identificados no país, em 2021, 27 aconteceram em Braga.
Dos 299 casos de violência sexual identificados no país, em 2021, 27 aconteceram em Braga. Os números atiram o distrito para o terceiro lugar nacional, só depois de Lisboa (69 casos) e Porto (32 casos).
De acordo com o Relatório sobre Violência Sexual em Portugal, apresentado esta segunda-feira pela União de Mulheres Alternativa e Resposta (UMAR) que tem por base casos noticiados na imprensa nacional em 2021, em 95% dos casos, o ofensor é do género masculino. Apenas em 3% dos casos, a agressão é praticada por mulheres. Os agressores estão, na sua maioria, ligados à indústria, construção e artífices, seguida por pessoas em situação de desemprego. “
2% dos casos noticiados em que a pessoa agressora era membro de ordem religiosa e ainda técnicos de desporto”, lê-se no relatório.
No relatório a que a RUM teve acesso, é ainda possível perceber que “o abuso sexual assume mais de metade dos casos (50,5%), seguindo-se a violação (42,2%)”. Os casos relacionados com pornografia infantil (5,7%) e importunação sexual (1,6%) são também dados destacados.
A UMAR revela ainda que “em 31 situações (10,4%) houve lugar à condenação do/a ofensor/a”. “Destas situações, apenas 6 (19,4%) correspondem a crimes primários, i.e., em que o/a(s) ofensor/a(es/as) não tinham antecedentes criminais. A pena de prisão apresenta um valor médio de 110 meses o que corresponde a cerca de 9 anos”, frisam.
Em 79% das notícias, é referida, apenas, uma única vítima, que são, sobretudo, do género feminino (87%), havendo, no entanto, 5% com o género masculino.
A idade das vítimas varia, no caso das raparigas e mulheres, entre os 1 e os 90 anos. No caso do género masculino, o intervalo de idades posiciona-se entre os 5 e os 62 anos. Ainda assim, as notícias referem-se, com maior frequência, a vítimas com idades entre os 19 e 25 anos. “Um maior valor percentual para a vitimação continuada (52%), seguindo-se a vitimação pontual (31%) e, na maioria dos casos, as vítimas e os/as ofensores/as conhecem-se, tendo algum tipo de relação: 42,6% constituem relações entre pessoas conhecidas e 42% relações familiares”.
Os crimes acontecem, sobretudo, na habitação (62,7%), seguido do espaço público (10,9%).
“Os casos de abuso sexual são significativos em contexto religioso e escolar. Queremos desconstruir o mito de que a violência sexual só acontece em festas, quando as mulheres vão sem cuidado à rua e por desconhecidos. A violência passa-se maioritariamente em casa”, explicou, em entrevista à RUM, Luísa Barateiro, da UMAR Porto.
O aliciamento, a chantagem e a ameaça estão normalmente presentes bem como a própria escalada dos atos sexuais. Quando se trata de violência sexual ocorrida pontualmente por parte de desconhecidos, encontra-se mais presente a agressão, o uso da força, a ameaça, que pode incluir o recurso à arma, à força ou mais verbal, entre outras estratégias.
Foram analisadas 299 notícias, publicadas entre janeiro e dezembro de 2021. O mês em que o número de notícias é menor é o mês de abril e o que apresenta maior número de notícias é o mês de maio, perfazendo uma média de 25 casos noticiados por mês. A UMAR apela ao “financiamento para este tipo de investigação, porque são dados preliminares e são assustadores, mas devem ser ainda mais elevados”. “Para podermos fazer investigação neste domínio precisamos que as notícias estejam cada vez mais especializadas e que haja formação dos jornalistas”, apontou ainda Luísa Barateiro.