A Companhia de Teatro de Braga (CTB) quer lançar pela primeira vez em Portugal um projeto de teatro e ópera clássicas, a ter lugar em 2025, aquando das celebrações dos 45 anos da Companhia de Teatro de Braga, nas antigas ruínas do teatro romano da cidade, cuja recuperação ainda não arrancou. Vai chamar-se MITO, Grande Festival Internacional de Teatro e Ópera Clássicos e foi anunciado esta segunda-feira, dia Mundial do Teatro, pelo diretor da companhia, Rui Madeira.

Trata-se de uma evolução da agora denominada Mostra de Teatro Internacional (MIT), cuja primeira edição aconteceu em 2022 sob égide da ‘Eurásia Theater Association’ - ETA e da Companhia de Teatro de Braga (CTB) e que se prolonga até 2024.

A propósito da apresentação do programa do MIT 2023, Rui Madeira, da CTB, desvendou alguns pormenores do novo projeto que deverá acontecer no período de verão. A Espanha tem Mérida como festival internacional que se pode comparar de alguma maneira numa outra dimensão, a Avignon. Isto é, há cidades e há lugares na Europa, na Ásia também, em que um festival desta natureza tornou-se algo muito importante do ponto de vista económico. Nós temos essa presunção. Em Portugal não há festivais de teatro e ópera clássicas, nós temos estas condições fantásticas, as ruínas do teatro romano", reiterou.

Teatro Romano pode ser apropriado antes da intervenção

O teatro romano está a ser alvo de uma investigação a cargo da Universidade do Minho e da autarquia, através dos serviços de arqueologia. Ainda no decorrer das próximas semanas, o Município de Braga vai lançar a empreitada para a intervenção na Ínsula das Carvalheiras confirmou o autarca Ricardo Rio, presente na sessão. "Em termos de intervenção física, o teatro romano virá posteriormente, mas isso não é inibidor da apropriação do espaço antes mesmo de uma intervenção mais alargada. Será até um contributo para a sua primeira perceção da relevância daquilo que lá existe", atesta.

Rui Madeira destaca as particularidades do teatro romano de Braga "do ponto de vista acústico". "Enquanto não está totalmente recuperado, o espaço pode ser intervencionado para construirmos uma cenografia que nos reenvie para o local histórico e, em cima disso, nisso, dentro disso, fazermos um festival de teatro e ópera", afiança.

Nessa altura, podem ser integrados 25 países diferentes, ganhando uma dimensão "de outro volume que pode ir no caminho dos objetivos estratégicos Braga 2030".

"É uma dimensão que todos reconhecemos. Braga é na sua origem uma cidade romana e é daí que vem muito do seu crescimento", reconheceu ainda.