Nacional 24.04.2020 10H47
Cabeleireiros em Braga preparam reabertura com medidas adicionais
4 de Maio é a data apontada. As regras básicas e as normas extra que os estabelecimentos pretendem implementar na certeza de que o caminho passa pelo regresso rápido ao trabalho.
Foi apontado como um dos primeiros sectores a reabrir no início de Maio, e à distância de uma semana dessa possibilidade são cada vez mais os salões de cabeleireiro, barbeiros e institutos de beleza que ultimam os preparativos para uma reabertura de portas com mais regras, mas também mais receios.
As medidas de protecção ainda não foram divulgadas pela Direcção Geral de Saúde (DGS), mas são aguardadas com expectativa pela Associação Portuguesa de Barbearias, Cabeleireiros e Institutos de Beleza. Miguel Garcia, representante da associação, conta à RUM que a reabertura "é a melhor saída para a sobrevivência de muitos salões", mas reitera que tem que acontecer "de forma controlada". "Trabalhamos um mês para pagar as despesas desse mês. Como temos despesas atrasadas, mais as despesas desse mês, se forem fixas e só podermos trabalhar com metade, não auguro muito bons resultados para o sector", assume.
"Esperamos que o Estado, na reabertura destes espaços, faça um ajuste no lay-off para, eventualmente, num salão com seis profissionais, três trabalharem quinze dias e outros três outros quinze dias", sugere.
Na opinião do responsável, as normas sugeridas à DGS "são adequadas", ressalvando que no passado "já existiam medidas de higienização".
A aquisição de material de protecção individual para os trabalhadores e para os clientes implicará "mais custos". Miguel Garcia explica que a disponibilização de máscaras para clientes só é recomendada para o cliente que não se desloque ao estabelecimento com máscara. É o primeiro ponto em que nem todos os profissionais concordam. Em Braga, Cecília Sousa, cabeleireira, refere que vai disponibilizar um kit completo à entrada que inclui uma máscara descartável. "Eu não sei se a máscara que o cliente vai trazer está nova", alerta. Por isso, o kit que vai disponibilizar transmite outra segurança para os clientes e para os trabalhadores.
"O tapete da entrada é a única coisa que os meus clientes vão pisar com os sapatos da rua". A partir daí, desinfecta as mãos, calça uma protecção de calçado e coloca a máscara e umas luvas tipo supermercado.
"Quero que a cliente se sinta em segurança e saiba que nem ela nem ninguém vai tocar com as mãos na cadeira, na revista, etc", justifica.
O kit terá um custo "simbólico" acrescido ao valor do serviço prestado. "O que for para mim será para a cliente", refere. Cecília já tem falado com algumas clientes que se sentem "seguras" e encorajadas para marcar uma visita ao salão depois de conhecerem as regras que pretende implementar. "Mas não vou negar, estou com receio de voltar", desabafa a proprietária de um salão de cabeleireiro numa zona habitacional de Nogueiró. Cecília Sousa garante que irá também trabalhar com toalhas e penteadores descartáveis.
Mesmo ao lado do salão de Cecília Sousa, Elisabete Vieira é proprietária de um instituto de beleza. Pede mais informação para o sector.
Há trabalhos que provavelmente não serão realizados logo que a reabertura aconteça. "Vamos reabrir com medidas, mas muitas delas já faziam parte do nosso dia-a-dia", diz. Apesar disso, lembra que "certos serviços de estética, nomeadamente tratamento de rostos, vão ter que continuar adiados".
Pedro Remy, cabeleireiro com perto de trinta anos de carreira, acaba de lançar um vídeo promocional. Os clientes já podem conhecer todos os métodos de trabalho adoptados a partir do momento em que as portas do seu salão, no centro da cidade, reabrirem. Logo no início da entrevista, Pedro Remy assegura que muitas das normas aconselhadas já eram uma realidade no seu estabelecimento. "Não vai ser muito complicado. Fiquei surpreendido com algumas notícias do porta-voz da DGS. Trabalhar por marcação já faz parte da nossa vida assim como o afastamento social dos clientes. "Fiquei preocupado com a introdução deste problema. Mais de 50% dos bons profissionais deste país trabalham com horários agendados", nota.
"Já são muitos anos a tratar de cuidados de higiene e esterilização de equipamentos. Há anos que temos esta despesa e já usava toalhas descartáveis. Vamos inserir dois ou três aspectos fundamentais: máscara, viseira e máximo rigor na limpeza de superfícies", detalha.
Mas neste espaço, Pedro Remy avisa que ninguém vai entrar sem medição de temperatura, seja trabalhador ou cliente.
No início dos turnos, os trabalhadores irão preencher uma ficha de sintomas, deles ou dos familiares com quem vive. Pedro Remy pede "regras exigentes" e "claras" à tutela e confessa que este período pode servir para aproximar os profissionais de cabeleireiro e profissionais de beleza. "Este é o momento em que os nossos colegas que têm um preço mais baixo devem investir", desafia, apontando que não quer que a abertura dia 4 "seja em vão".
Num aspecto todos os profissionais do sector estão em sintonia: é preciso reabrir.