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Liliana Oliveira

Regional 12.09.2024 19H35

Classificação das 'Voltas de Macada' permite preservar e divulgar "importante património rodoviário"

Escrito por Liliana Oliveira
Município de Braga vai classificar ‘Voltas de Macada’ como monumento de interesse municipal. 
Ricardo Rio e Miguel Bandeira sobre a classificação das 'Voltas de Macada'

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A classificação das ‘Voltas de Macada’, na União de Freguesias de Celeirís, Aveleda e Vimieiro, como monumento de interesse municipal vai permitir preservar e valorizar aquele espaço do concelho de Braga, mas também incentivar novos projetos de investigação e educativos.

A apresentação da proposta de classificação decorreu, esta quinta-feira, no Vimieiro, e resulta de um estudo elaborado pela Fundação Bracara Augusta.

“Um espaço patrimonial classificado é, normalmente, um espaço mais conhecido e mais fruído, ou seja, queremos que as pessoas saibam que existe este património e que venham desfrutar dele e conhecer também esta dimensão infraestrutural e histórica”, apontou o presidente da Câmara, Ricardo Rio.

Para o autarca, esta classificação “é também uma abertura para futuros trabalhos de investigação e projetos educativos”. “Há, desde logo, uma componente de assunção por parte da Câmara Municipal, em particular, que quer cuidar deste espaço, como infelizmente, se calhar, ele não foi cuidado ao longo dos últimos anos”, acrescentou.


Miguel Bandeira, presidente da Fundação Bracara Augusta, enaltece a importância desta classificação no ano em que o tema das Jornadas Europeias do Património está associado às “Rotas, Redes e Conexões”.

As ‘Voltas de Macada’ são, para o professor da UMinho, “uma corruptela do sistema que, no período em que foram executadas, era o sistema comum de pavimentação das estradas, que era o sistema macadame”. Este sistema era, já ele, “uma deturpação do nome do engenheiro escocês que inventou esse processo: (John Loudon) McAdam”.

Para Miguel Bandeira, as ‘Voltas da Macada’ representam, de facto, esta “técnica de património rodoviário, porque são um dos últimos testemunhos que temos de um período que em Portugal foi especialmente prolixo na construção de uma rede de estradas nacionais, que está indexado ao ministro António Maria Fontes Pereira de Melo, que foi ele que criou o Ministério das Obras Públicas em 1852”.

“As voltas de Macada, para além desse testemunho de memória, são um elemento, obviamente, de identidade das populações que aqui vivem e, naturalmente, é possível, porque elas estão já desativadas há muitos anos, sendo agora um local de lazer”, acrescentou o presidente da Fundação.


“A estrada Porto-Braga, na qual se integravam as curvas de Macada, foi um dos principais projetos de toda essa abertura de rede de estadas que se estendeu no país”, detalhou.

Não se sabendo exatamente quando foram projetadas, as Voltas de Macada, que iam dar à Ponte Pedrinha, “são muito provavelmente do período do Governo do ministro Costa Cabral, portanto, num período muito vivo e interessante da história” e, segundo Miguel Bandeira, foram, depois, “substituídas pela estrada nacional número 14”.

O monumento, que reúne um conjunto de 9 rampas declivosas e outras tantas curvas com raio de 1800, é um dos primeiros testemunhos da modernidade das infraestruturas rodoviárias em Portugal, projetadas ainda antes da segunda metade do século XIX.


“Além do interesse histórico, há um grande interesse deste espaço como Paisagem Cultural. As árvores presentes no local, maioritariamente carvalho-alavarinho (Quercus robur) e sobreiro (Q. suber), a topografia e a envolvente conferem uma particularidade ao local que conjuga assim a vertente patrimonial com um peculiar enquadramento paisagístico, que importa salvaguardar, intervir no sentido da sua valorização, preservação e proteção”, aponta a Fundação Bracara Augusta. 

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