Mais de 70% da água utilizada pela humanidade é aplicada na agricultura e devolvida contaminada por pesticidas e fertilizantes. A conclusão é do projecto “Climalert”. Um estudo que termina em 2021 e está a ser desenvolvido  no CBMA – Centro de Biologia Molecular e Ambiental em parceria com uma universidade de Espanha e outra da Alemanha.

Em entrevista ao UM I&D Cláudia Pascoal, coordenadora da investigação, frisa que a grande meta deste estudo passa por aumentar a sustentabilidade da água na agricultura, um sector de grande relevância para a humanidade. Desta forma, o projecto pretende criar uma aplicação e software que forneça informações simples e específicas ao agricultor, de modo a que este tome as melhores decisões, quer para as suas plantações como para o ecossistema e que simultaneamente lhe permita poupar alguns recursos monetários. 

Através da aplicação criada na UMinho, que está a ser testada por cinco grupos nos três países que abraçaram o projecto, é possível perceber, por exemplo, "o estado de secura do solo, o estado da própria cultura, assim como ter acesso aos indicadores de água da própria planta e atmosfera. No fundo, através da aplicação "Climalert" o agricultor pode antecipar um evento climático em duas ou uma semana, logo saberá se deve colher, regar ou não regar a plantação. 

Todos estes dados serão comparados com a média para a altura do ano e mês". Segundo a investigadora, este histórico vai fornecer ao agricultor todas as informações necessárias para que tome as decisões mais correctas. 

Uma boa gestão dos recursos naturais pode vir a pesar, de forma positiva, no Produto Interno Bruto.

O software da academia minhota pretende contribuir para uma gestão ambiental eficaz. De acordo com Cláudia Pascoal é provável que "os serviços dos ecossistemas passem brevemente a contar para o PIB - Produto Interno Bruto - de cada país".

Ora, a título de exemplo, se Portugal tem um "ecossistema que providencia água de qualidade e peixe" esse valor deve ser contabilizado. A investigadora frisa que no caso de um rio que esteja poluído será necessário investir numa indústria para o limpar, logo isso terá custos avultados. 

Grande quantidade de dados produzidos poderá dar origem a novos projectos.

A garantia é deixada pela investigadora. Cláudia Pascoal sublinha a posição "privilegiada do CBMA e do IBS", uma vez que pode usufruir do supercomputador, o Mac. 

"É uma forma de potenciar saberes, oportunidades e a localização do centro", realça Cláudia Pascoal.