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FOTO: RUM. Ana Trovisqueira, Márcia Barbosa, Armando Pinho e Sílvia Lopes
Elsa Moura

Regional 05.06.2025 18H25

Como prevenir o uso problemático da internet? Alunos de Braga responderam

Escrito por Elsa Moura
Os dados do estudo exploratório são apresentados esta sexta-feira, numa sessão comunitária que vai decorrer ao longo de todo o dia no Centro de Juventude de Braga.
Armando Pinho; Márcia Barbosa Ana Trovisqueira e Sílvia Lopes

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O tema não é novo e cresce a preocupação em torno do uso problemático da internet por parte dos jovens, mas não só. Em Braga, esta sexta-feira, decorre um evento social impulsionado por quatro psicólogos que ajuda a consciencializar para o uso excessivo da internet, mas também para a necessidade, cada vez mais evidente, da introdução de mecanismos e regulamentação.


As questões foram colocadas em duas escolas secundárias de Braga, num trabalho desenvolvido por quatro psicólogos das ULS de Braga, Barcelos/Esposende e Médio Ave, envolvendo alunos, pais e professores da Carlos Amarante e Dona Maria II.


Os resultados são apresentados esta sexta-feira, num evento comunitário no Centro de Juventude de Braga com início às 10H00.


Esta semana, estes profissionais passaram pela RUM para explorar um pouco mais a questão do uso problemático da internet. Armando Pinho, um dos psicólogos envolvidos, refere que o que se pretendeu foi "saber entre os próprios participantes o que pensam sobre o que é o uso problemático da internet e que soluções é que podem apresentar". 

A perspetiva é "não culpabilizar a vítima, ou seja, não considerar que são os jovens que são os problemáticos e que não conseguem lidar com esta questão, mas perceber que a questão é complexa e que envolve muitos agentes, nomeadamente os pais, as famílias e também as escolas".


Entre as conclusões constam um reconhecimento de uso abusivo da internet, assim como a eventual pertinência de regulamentação nos estabelecimentos de ensino para alterar comportamentos. "Pode ser surpreendente, os jovens têm noção que o comportamento deles é problemático e, de alguma forma, eles esperam que haja alguma regulação externa, até para compensar a falta de regulação interna", explica Armando Pinho, que acrescenta que entre os estudantes envolvidos na amostra, os mesmos "identificam nos pais o uso problemático da internet e do telemóvel e que muitas vezes confrontam os pais com o comportamento deles".


O estudo envolveu perto de cinquenta alunos, entre os 15 e 18 anos, dezoito pais e mais de vinte professores. Márcia Barbosa sublinha também que os estudantes têm consciência de um uso abusivo da internet. "Apesar de acharmos que os jovens só querem estar na internet e não têm noção do que é viciante ou não, eles têm bastante essa noção e dizem que esse uso problemático é quando é um uso excessivo, e especialmente quando deixam de fazer outras coisas para estar sempre na internet", detalha.


Os pais também assumem o uso abusivo da internet e do telemóvel, assim como a dificuldade em que os filhos parem de usar a internet, algo que os afeta em termos emocionais e comportamentais, nomeadamente. Nesta medida, a psicóloga esclarece que "pais e filhos dizem que uma das razões para o uso problemático é o exemplo dos pais".


A ideia é que com este trabalho se possam desenvolver mecanismos para esta problemática. Os resultados coincidem com outros estudos desenvolvidos em Portugal e noutros países. 


O evento desta sexta-feira é dirigido a toda a comunidade com o objetivo, segundo Armando Pinho de "ajudar a pensar e a refletir sobre a questão", uma vez que se trata de um problema "da sociedade".


Ana Trovisqueira, psicóloga da ULS Médio Ave sustenta que se exige "uma abordagem" que contribua para alterações comportamentais. "Alguns pais dizem que o cansaço ao final do dia não permite implementar alternativas que seriam melhores. Eles reconhecem que é errado", diz. Lembrando que o dia tem 24H: oito horas para dormir, oito horas para trabalho e sobram oito. "Reflitamos um bocadinho o que está a acontecer às outras oito. Muitas pessoas gastam cinco na internet, portanto, rever um bocadinho em que é que podemos aplicar aquelas oito", atira.

Márcia Barbosa fala também do "direito de estar offline". Para Armando Pinho, "a reflexão crítica é importante" e este estudo "aumenta a consciência sobre o quotidiano". 

Sílvia Lopes insiste que se trata de uma questão "que toca a todos", sugerindo a cada um que analise o tempo que passa no telemóvel. "É importante passar tempo offline, estarmos com amigos, conversarmos, sabermos das pessoas, perguntar coisas simples", sugere.


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