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foto: NELSON GARRIDO
Elsa Moura

Regional 12.09.2018 19H06

'Confiança' separa Junta de S. Victor e CMB

Escrito por Elsa Moura
Junta de Freguesia de S.Victor agendou debate sobre o futuro da Confiança. Autarca Ricardo Rio diz que é "despropositado" e "inconsequente".
Ricardo Silva explica motivações do debate; Ricardo Rio considera-o "despropositado"

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O anúncio de alienação da antiga Saboaria Confiança continua a inquietar a Junta de Freguesia de S. Victor, freguesia onde se situa o edifício que está desde 2013 à espera de uma requalificação que havia sido prometida pelo candidato da coligação Juntos por Braga, Ricardo Rio. Na próxima sexta-feira, os bracarenses são chamados a um debate público, promovido precisamente por aquela junta, para voltar a discutir o futuro da Confiança.


Ricardo Rio já dá como certa a alienação da antiga saboaria e promete até desenvolvimentos deste processo para breve, mas a intenção, tornada pública há mais de um ano, tem motivado muitas críticas do lado da sociedade bracarense. O actual executivo de S. Victor também não está satisfeito. Concorreu e venceu as últimas duas eleições autárquicas com o apoio da coligação Juntos por Braga, mas a relação entre Ricardo Rio, presidente do município, e Ricardo Silva, presidente da Junta de Freguesia, já teve dias melhores. O autarca de S. Victor diz não entender a decisão unilateral de Ricardo Rio, que até hoje não conversou sobre a alienação com aquela junta de freguesia, mesmo que tenha sido bandeira de ambos, no acto eleitoral de 2013, a requalificação daquele edificado localizado na Rua Nova de Santa Cruz. No entanto, Ricardo Silva recusa admitir que se trate de uma traição "porque para isso teria de haver uma relação de maior proximidade neste tema, um tema bem debatido antes das eleições de 2013", disse. O jovem autarca realça ainda que "hoje, o município tem uma opção diferente, mas a opção da freguesia mantém-se exactamente a mesma".


Em declarações à RUM, Ricardo Silva admite que o executivo da junta de freguesia "teve sempre expectante na possibilidade de converter o edifício, reabilitá-lo e devolvê-lo à fruição do público, sobretudo numa matriz cultural". 


"Estamos a falar de um património que tem um testemunho muito grande do que foi a era industrial da cidade de Braga, portanto nem é um património que é só de S. Victor, é de toda a cidade", recordou Ricardo Silva que estranha que se promova uma alienação "sem se dar qualquer tipo de satisfação ou inclusão informativa à Junta de Freguesia", insistiu.


CMB vai gastar mais de 4,5 milhões de euros no S. Geraldo, propriedade da Igreja


Ricardo Silva vai mais longe e admite que o recente anúncio da autarquia, de um pedido de empréstimo de 8,5 milhões de euros para financiar várias obras, entre elas o S. Geraldo, não caiu bem junto dos defensores da requalificação da Confiança, adquirida depois de uma luta de Ricardo Rio enquanto líder da oposição a Mesquita Machado. O presidente do município de Braga alega falta de verbas para requalificar o espaço, mas decidiu, posteriormente, requalificar um edifício que pertence à Arquidiocese de Braga. 


Na opinião de Ricardo Silva, a antiga saboaria podia responder às ambições que a autarquia tem para a área das Media Arts sem deixar cair o propósito de requalificação também em torno da memória industrial da cidade. "É uma alienação despropositada tendo em conta que a câmara de Braga vai apostar vários milhões de euros, sem recorrer a fundos comunitários, no edifício S. Geraldo que não é propriedade municipal. Do ponto de vista programático, tudo aquilo que vier a ser incluído no S Geraldo também podia ser incluído na Confiança com as devidas adaptações. Não se percebe como é que se deixa alhear este património", lamenta.


"É um debate despropositado", diz presidente do Município de Braga


Questionado pela RUM a propósito do debate que a Junta de Freguesia de S. Victor vai promover sobre o futuro da Confiança, o presidente do município, Ricardo Rio, afirma que é um debate “despropositado” e "inconsequente", alegando que até aqui a junta de freguesia de S. Victor não se manifestou publicamente sobre esta questão. "É uma iniciativa que surge um pouco como aquelas que quando algo está para acontecer se tenta desencadear um debate para travar. Como não me parece que haja interesse em arrastar mais no tempo essa situação, acho que esse debate é inconsequente e sem resultados que se possam considerar sérios face ao facto de antes não ter sido promovido. É uma questão que devia ter sido suscitada antes e não neste momento", considerou.


O debate está agendado para esta sexta-feira, dia 14 de Setembro, pelas 21h30 no Auditório da Junta de Freguesia de S. Victor. 

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