São ursinhos de peluche, nenucos e até heróis de banda desenhada. Na maioria dos casos estão com dores de barriga ou de cabeça, um braço ou uma perna partida. Dão entrada na triagem do Hospital dos Bonequinhos acompanhados pelos seus donos de palmo e meio. Foi assim hoje e assim será até sábado em mais uma edição deste hospital improvisado e muito especial, que faz as delícias das crianças e as ajuda a combater os receios associados ao ambiente hospitalar.

Esta tarde, abriram-se as portas de mais um Hospital dos Bonequinhos. Na primeira fase, são recebeidos pelos alunos de Educação Básica da UMinho, seguem para a alçada dos estudantes de Psicologia, que analisam o estado emocional de cada criança à chegada ao Hospital. Depois, passam paraa triagem com o seu boneco, onde é avaliado, juntamente com os futuros médicos, o estado de saúde para a atribuição de uma pulseira conforme a gravidade do disgnóstico. Há um consultório para os exames, incluindo à visão, que é uma das novidades deste ano, fazem análises ao sangue, um raio-x e até um TAC. Segue-se o tratamento, vestem as batas e as toucas e, equipados a rigor, entram no bloco operatório, fazem a cirurgia, colocam os pensos e os bonequinhos prosseguem a viagem já com uma nova vida. Do outro lado da do hall estão as doutoras ligadas à nutrição, saúde oral e farmácia. No final, voltam à psicologia para reavaliar o estado emocional.

“Os doutores só querem o nosso bem”

Em Braga, as batas brancas parecem não impressionar os mais pequenos. Exemplo disso é Vitória Prazeres, que ainda no jardim de infância, já sabe que “não temos que ter medo dos doutores, porque são nossos amigos”. A amiga Inês Monteiro também parece destemida e garante que “não é para ter medo de ir ao Hospital”. “Os doutores só querem o nosso bem”, diz a amiga logo ao lado.

A estudar Medicina, Helena Gomes, do Núcleo de Estudantes de Medicina da UMinho (NEMUM),que coorganiza a actividade, diz que o “o feedback é positivo”. “Eles adoram a actividade e quando vão com os pais ao médico já muda um bocadinho (o medo)”, acrescentou.

A vacina, por norma, é o que mais os impressiona. Mas os futuros médicos dão ainda conselhos sobre a sua importância para evitar doenças, a correcta lavagem dos dentes ou a importância de serem os pais a pegar nos medicamentos.

Helena Gomes considera esta iniciativa “óptima”, principalmente para os estudantes que têm aqui o seu primeiro contacto com os doentes. Em contexto de consultório podem “reforçar as competências que aprendem ao longo do curso, nomeadamente ao nível da comunicação”, com um público tão “exigente” como o infantil.

O Hospital dos Bonequinhos é uma inciativa promovida pelo Hospital de Braga, com o NEMUM, que tem como objectivo “que as crianças encarem o hospital como uma entidade amiga”, disse o presidente do conselho de administração, João Porfírio Oliveira.

Este ano, há duas novas áreas no percurso: Optometria e Psicologia. Na visão do presidente, “é sempre positivo no sentido de levá-los a mais áreas”. “A aproximação é importante para eles perceberem que ir ao um psicólogo é uma coisa normal”.

Até sábado, dia em que as portas do hospital se abrem à comunidade, com o objectivo de manter “uma relação próxima”, são esperadas cerca de “mil crianças” na iniciativa. João Porfírio Oliveira destaca ainda a “relação fantástica com a UMinho” e a colaboração de cada vez mais núcleos de estudantes.

Recordo que este ano participam o Núcleo de Estudantes de Educação Básica da Universidade do Minho, da Associação de Estudantes da Escola Superior de Enfermagem Calouste Gulbenkian da Universidade do Minho, da Associação de Estudantes de Psicologia da Universidade do Minho e do Núcleo de Estudantes de Optometria da Universidade do Minho.

O que sentem os bonequinhos das crianças de Braga?

Mas, vamos à análise desta tarde no Hospital:

A “Neneca” de Matilde Pinto tem dores de garganta, por isso “tem que tomar o remédio”. Já o urso de peluche de Francisco Loureiro, que dá pelo nome de “Ursinho”, “tem um dói na perna e tem que ir para a caminha”.A “Margarida” de Camila Peixoto “estava nas escadas rolantes da EuroDisney e caiu”, magoou o pé e os doutores do Hospital dos Bonequinhos aconselharam a pequena Camila a “cuidar bem dos bonecos”. Por isso mesmo, obviamente, a parte preferida do percurso foi: “o boneco ficar bom”.

O boneco do pequeno Matias Sobral precisou de um penso e ainda levou o recado para “não comer muitos doces, para não ficar com dores de barriga”.

O Mickey e a Minnie também foram consultados no Hospital dos Bonequinhos. E acabamos esta ronda de consultas com mais uma “Matilde”, a boneca de “Matilde Marques”, a quem “dói a barriguinha e a perninha”. “Tem que descansar, ela quer dormir”, acresentou.

As portas do Hospital de Braga abrem-se durante a semana aos jardins de infância do concelho, estando prevista a ida ao Hospital dos Bonequinhos de cerca de 800 crianças.

No sábado, das 9h às 13h a iniciativa é aberta a qualquer crianças entre os 3 e os 11 anos.