'Calígula' estreia nos dias 22 e 23 de Dezembro, às 19 horas, no Theatro Circo. A peça protagonizada pela Companhia de Teatro de Braga parte de um texto de Albert Camus.

A história centra-se num imperador, que se caracteriza por ter um poder sem fronteiras sobre o seu reino, incluindo sobre os restantes membros do senado. "Ele procura o impossível. Quer a lua”, começa por dizer a actriz que interpreta ‘Calígula’.

Solange Sá explica que a personagem “tenta fazer com que todas as pessoas, independentemente do estatuto, sejam iguais a ele”. Para isso, “utiliza extremos, recorrendo à violência”. “A tirania é sempre horrível porque se pode fazer o que se quiser. Pode-se escolher quem morre”, acrescenta.

A uma dada altura, Calígula refere que, “devido à falta de golpes de estado, diante de um reino tão fácil”, quer “converter-se no substituto da peste”. Manuel Guede Oliva pega neste exemplo para destacar as semelhanças do texto, publicado em 1944, com a actualidade. "Em toda a história, houve populismos, ditadores e tiranos. E também sempre houve pandemias. No entanto, foram raras as vezes que as duas coisas coincidiram”.

Destacando a capacidade “adivinhatória” de Albert Camus, o encenador explica que, “mais do que aprofundar um novo projecto teatral”, esta peça é “um exercício de advertências”. “Não é por acaso que, nestes tempos de pandemia, Albert Camus se tornou no autor mais lido”, finaliza.