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Fonte: Jornal SOL
Tiago Barquinha

Regional 21.10.2019 15H50

Custo total do Estádio Municipal de Braga poderá ser superior a 190 milhões

Escrito por Tiago Barquinha
O valor já ultrapassou a verba despendida no Hospital de Braga. O estudo solicitado pela CDU e elaborado pelos serviços camarários foi entregue na reunião de executivo.
A visão sobre o documento de Ricardo Rio, presidente da Câmara Municipal, do socialista Artur Feio e do comunista Carlos Almeida.

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O valor total pago pelo Estádio Municipal de Braga por parte da autarquia poderá “ultrapassar os 190 milhões de euros no pior dos cenários”, segundo o edil Ricardo Rio. O balanço actual das contas do investimento na obra foi entregue esta segunda-feira aos vereadores da oposição na reunião de executivo municipal, nos Paços do Concelho.


Somando as despesas de construção, do projecto, da aquisição dos terrenos e dos juros, o equipamento já custou 175 milhões de euros aos cofres da Câmara Municipal de Braga. No entanto, esse valor será ainda superior. A maior fatia que ainda não foi liquidada resulta de uma condenção da autarquia já consumada num processo, sem recurso possível, em que tem de pagar ao consórcio Soares da Costa uma verba que pode ascender até aos 11 milhões de euros.


Além disso, está em falta parte do pagamento a Souto de Moura, arquitecto responsável pela obra, que será, de acordo com Ricardo Rio, 2,6 milhões mais os juros. “Aqui os juros são uma grande parcela, podendo este valor chegar aos quatro milhões”, explica. Acrescenta ainda que é preciso contar com “os custos financeiros finais que serão suportados até ao final do empréstimo”.


Dos 175 milhões de euros já despendidos, 152 foram gastos em custos directos de construção, um valor 2,4 vezes superior ao inicialmente previsto. Considerando que não há maneira de “ficar insensível à dimensão desproporcionada deste investimento em contraponto com o benefício aos bracarenses”, elenca uma série de comparações.


"Estes números revelam que o Estádio Municipal custou mais que o Hospital Central e mais 1,5 vezes que o Laboratório Ibérico Internacional de Nanotecnologia. O que se gastou no estádio dava para intervir 10 vezes na variante do Cávado e no Nó de Infias, representa 15 vezes o que se gastou no Forum Braga, mais de 30 vezes o valor que iremos gastar no Mercado Municipal ou até mesmo 50 vezes o valor gasto na requalificação do Parque Desportivo da Rodovia”, revela.



Oposição critica demora na elaboração do documento e pede esclarecimentos sobre o que falta pagar


O documento com os valores discriminados das diferentes etapas das despesas de estádio foi entregue durante a reunião de câmara. No final, "numa análise muito rápida", Artur Feio, vereador do PS, referiu que era omisso o "valor em dívida" por parte da autarquia. "Importa perceber, à data do mandato actual, qual é o valor que ainda falta pagar", complementa.


Em resposta, confessando que o valor "não está explícito" no documento, Ricardo Rio explicita as diferentes parcelas que ainda faltam liquidar:  "são cerca de 20 milhões de euros em empréstimos mais os juros que venham a ser calulados ano a ano, de acordo com a taxa. São os tais 11 milhões [ndr: dívida ao consórcio Soares da Costa] que ainda não estão decididos e dos próprios quatro milhões [pagamento em falta ao arquitecto Souto de Moura], ainda temos cerca de um milhão e meio para pagar".


A apresentação deste documento surge na sequência de um requerimento feito pela CDU há oito meses.

Carlos Almeida, vereador dos comunistas, lamenta a demora na resposta e considera que, se não fosse o partido que representa, "a própria maioria do executivo não se tinha dado ao trabalho de procurar" esta informação. Além disso, alerta para a "falta de relatórios" sobre a manutenção do estádio nos dados fornecidos, que tem o custo total anual, em média, de 110 mil euros.



Ricardo Rio perspectiva referendo para Fevereiro


O referendo sobre a venda do estádio está, neste momento, a ser preparado, depois de Ricardo Rio ter adiado a discussão do assunto para o período seguinte às eleições legislativas. O presidente da Câmara Municipal de Braga aponta a realização da votação para Fevereiro.


"Como tinha dito, não fazia sentido pensar que teríamos hipóteses de fazer o referendo antes do inicio de 2020", refere. Adianta ainda que os serviços camarários estão a "estudar e a preparar a informação" sobre o assunto. "Teremos entretanto que submeter ao Tribunal Constitucional a pergunta ou as perguntas que viermos a formular", explica.









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