Regional 20.11.2024 15H47
Dados relacionados com violência doméstica exigem “consistência no combate institucional”
Combater a violência de género e reforçar as verbas de apoio às vítimas além de um acompanhamento a diferentes níveis são algumas das exigências da UMAR.
Vinte mulheres foram assassinadas em contexto de violência doméstica nos primeiros onze meses deste ano, um número que ultrapassa o do ano passado. Entre janeiro e novembro de 2024, outras 53 mulheres sofreram atentado à vida. A informação foi revelada esta manhã pelo Observatório das Mulheres Assassinadas, da UMAR, União de Mulheres Alternativa e Resposta.
Em entrevista à RUM, Tatiana Mendes, da UMAR Braga, reitera a necessidade de reforçar o combate à violência de género. “Não tem mudado muito. Sabemos que o facto de o crime de violência doméstica ter sido tornado crime público foi importante para o reconhecimento e a censura social desta violência, mas, certamente, a inconsistência também naquilo que pode ser o combate institucional à violência doméstica, à violência de género, pode implicar que estes números não se alterem significativamente e, também daí a necessidade de continuarmos a combater a violência de género”, argumenta.
O governo, recorde-se, anunciou um reforço das verbas destinadas a respostas de apoio a vítimas de violência doméstica e outros tipos de violência, mas é importante que esses apoios cheguem para dar continuidade ao trabalho no terreno e fortalecer este acompanhamento, uma vez que estruturas como a UMAR, não governamentais, continuam a desenvolver um trabalho de apoio e acompanhamento determinante às vítimas que são sobretudo mulheres e crianças.
Portugal tem apenas dois centros de atendimento para vítimas de violência sexual
Com vários núcleos no país, a UMAR disponibiliza atualmente dois centros de atendimento para vítimas de violência sexual, um no Porto e outro em Lisboa, sendo os únicos especializados em funcionamento, mas que exercem a sua atividade através de apoios comunitários, com limite temporal, o que coloca em risco a continuidade do trabalho junto das vítimas.
Lia Mendes, da UMAR Braga, sustenta que são “insuficientes” os centros especializados e lamenta a procura constante por verbas que assegurem a sua continuidade. “É sufocante ficarmos sempre nesta lógica de trabalho e de incerteza, sobretudo porque estamos a falar de atendimento a vítimas sobreviventes”, sublinha.
Além disso, as organizações estão a “responder a uma responsabilidade que deve ser do estado”, vinca Tatiana Mendes. “Para além de estarmos a falar de trabalhadoras, estamos a falar muitas vezes de trabalhadoras em situações precárias”, denuncia também.
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